António Zambujo
António Zambujo nació en Beja en septiembre de 1975. Creció escuchando la gravedad del cante alentejano y se sabe que también, ya desde muy pequeño, se deslumbró con grandes voces fadistas como las de Amália Rodrigues, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro o Max.
En 2002 publica "O Mesmo Fado", con composiciones propias y repertorio del fado clásico. Por esta obra, la Rádio Nova distingue a António Zambujo como la mejor voz nueva del fado, una distinción que antes se había entregado a Camané o Mariza.
El segundo álbum se llama "Por Meu Cante", un disco en el que se dejan percibir las huellas de su cante alentejano. Este año la Fundación Amália Rodrigues le entrega el premio al mejor intérprete masculino.
"Outro Sentido", publicado em 2007, permite al cantor de Beja se edita a la vez en Europa y los Estados Unidos. Hay en este trabajo una cierta pasión por la música llegada de Brasil, especialmente aquella que parecía llegar del fondo de los tiempos (Vinicius de Moraes).
Esa tendencia a atravesar el Atlántico se mantiene hasta hoy y es más profunda en "Guia", el disco editado en 2010, con la inclusión de temas firmados por nuevos talentos brasileños como Rodrigo Maranhão, Márcio Faraco ou Pierre Aderne. Pero hay también en Guia grandes contribuciones nacionale, poemas de Aldina Duarte, Maria do Rosário Pedreira, José Eduardo Agualusa, João Monge, y canciones de Miguel Araújo.
Con la aparición de "Quinto", el artista ya hace convergir en pleno el cariño, el aplauso y el entusiasmo de un público que sabe cómo distinguir lo sencillo de lo simple, lo popular de lo populachero, lo genuino de lo fabricado.
Su último trabajo, Rua da Emenda, suma a los colaboradores habituales, una serie de nombre de gran relevancia en el mundo de la música portuguesa: Samuel Úria e José Fialho Gouveia.
O Mesmo Fado (2002)
01 O mesmo fado
02 Senhora do Livramento
03 Beijos de fogo
04 Guitarra triste
05 Jogo de sedução
06 Arraial
07 Trago Alentejo na voz
08 Triste fado
09 Noite despida
10 Fado alcantarado
11 Terra da minha gente
12 Minguante das luas
O MESMO FADO
Disseste, vem ver a lua / Eu debrucei-me à janela / Confesso na minha rua / Nunca vi coisa mais bela / Ganhámos a madrugada / Como um barco ganha ao mar / Somos por tudo e por nada / Esta forma de gostar / Quando o sol rasga a manhã / E trás na boca um sorriso / Nós sabemos que amanhã / Nada mais nos é preciso / Ao fim da tarde o poente / Num compromisso calado / Diz que somos outra gente / Mas somos o mesmo fado
Dijiste, ven a ver la luna / Yo me asomé a la ventana / Confieso que en mi calle / Nunca vi cosa más bella / Ganamos la madrugada / Como un barco gana el mar / Somos, por todo y por nada / Esta forma de gustar / Cuando el sol rasga la mañana / Y hay tras la boca una sonrisa / Nosotros sabemos que mañana / Nada más nos será necesario / Al fin de la tarde el ocaso / En un compromiso callado / Dice que somos otra gente / Pero somos el mismo fado
SENHORA DO LIVRAMENTO
Senhora do Livramento / Livrai-me deste tormento / De a não ver há tantos dias / Partiu zangada comigo / Deixou-me um retrato antigo / Que me aquece as noites frias / Senhora que o pensamento / Corre veloz como o vento / Rumando estradas ao céu / Fazei crescer os meus dedos / Pra desvendar os segredos / Dum céu que não é só meu / Senhora do céu das dores / Infernos, prantos, amores / A castigar tanto o norte / Porque é que partiste um dia / Sofrendo a minha agonia / E não me roubaste a morte
Señora de la Liberación / Líbrame de este tormento / De no verla hace tantos días / Se fue enfadada conmigo / Me dejó un retrato antiguo / Que caldea mis noches frías / Señora, que el pensamiento / Corre veloz como el viento / Poniendo rumbo hacia el cielo / Hace crecer mis dedos / Para desvelar los secretos / De un cielo que no es sólo cielo / Señora del cielo de los dolores / Infiernos, llantos y amores / Castigando tanto el rumbo / Por qué partiste un día / Sufriendo mi agonía / Y no me robaste la muerte
Silencio, nem uma pena / Quero a minha alma serena / Sem soluços na cidade / Sequei meus olhos chorados / Pus no peito cadeados / Para não entrar a saudade / Numa atitude mais louca / Pousei sobre a minha boca / Rosas, fogo de quem ama / Pra se me vencer a fome / De querer gritar teu nome / Meus lábios fiquem em chama / Mas a noite é um segredo / Confesso que tenho medo / E ao mesmo tempo desejos / De ouvir silêncios rasgados / De quebrar os cadeados / De te queimar com os meus dedos
Silencio, ni una pena / Quiero mi alma serena / Sin susurros en la ciudad / Sequé mis ojos llorados / Puse en el pecho candados / Para que no entrase la saudade / En una actitud más loca / Puse sobre mi boca / Rosas, fuego de quien ama / Para, si me vence el hambre / De querer gritar tu nombre / Mis labios ardan en llamas / Pero la noche es un secreto / Confieso que tengo miedo / Y al mismo tiempo deseos / De oír silencios rasgados / De romper los candados / De quemarte con mis dedos
BEIJOS DE FOGO
GUITARRA TRISTE
Ninguém consegue / Por muito forte que seja / Alcançar o que deseja / Seja qual for a ambição / Se não tiver / Dando forma ao seu valor / Uma promessa de amor / Que alimenta uma ilusão / Uma mulher é como uma guitarra / Não é qualquer que a abraça e faz vibrar / Mas quem souber o modo como a agarra / Prende-lhe a alma, às mãos que a sabem tocar / Por tal razão se engana facilmente / Um coração que queria ser feliz / Guitarra triste que busca um confidente / Não mãos de quem não sente / O pranto que ela diz / Não há ninguém / Que não peça à própria vida / A felicidade merecida / Para que um dia nasceu / Mas de tal forma / A vida sabe mentir / E a gente chega a sentir / O bem que ela não nos deu
Nadie consigue / Por muy fuerte que sea / Alcanzar lo que desea / Sea cual sea la ambición / Si no tuviera / Dando forma a su valor / Una promesa de amor / Que alimenta una ilusión / Una mujer es como una guitarra / No la puede hacer vibrar cualquiera que la abrace / Pero quien sepa el modo de agarrarla / Le atrapa el alma en las manos que la saben tocar / Por tal razón se engaña fácilmente / Un corazón que quería ser feliz / Guitarra triste que busca un confidente / No manos de quien no siente / El llanto que ella dice / No hay nadie / Que no pida a la propia vida / La felicidad merecida / Para la que un día nació / Pero de tal forma / La vida sabe mentir / Y la gente llega a sentir / El bien que ella no nos dio
JOGO DE SEDUÇÃO
Naquele tempo nós dois / Tínhamos manhãs de sois / Dias tristes eram poucos / Nessa era adolescente / Éramos ‘dez reis’ de gente / Mas completamente loucos / Enquanto no céu bailavam / Andorinhas que chegavam / Antecedendo o verão / Nós descuidados brincando / Sem querer íamos jogando / Um jogo de sedução / Entre beijos escondidos / E desejos proibidos / Como fosse fogo posto / Pelas minhas graças mais tolas / Ramalhetes de papoilas / Vinham pousar em teu rosto / Que memoria, que loucura / Me transporta hoje à lonjura / De verdes campos, lençóis / Deixai-me sombras de infância / Contar a esta distancia / Naquele tempo, nós dois…
En aquel tiempo nosotros dos / Teníamos mañanas de soles / Los días tristes eran pocos / En esa edad adolescente / Éramos “diez reyes” entre la gente / Pero completamente locos / Mientras en el cielo bailaban / Golondrinas que llegaban / Antecediendo al verano / Nosotros, descuidados, saltando / Sin querer íbamos jugando / Un juego de seducción / Entre besos escondidos / Y deseos prohibidos / Como si fuese fuego vivo / Por mis gracias más tontas / Ramilletes de amapolas / Venían a posarse en tu rostro / Qué memoria, qué locura / Me lleva hoy a la lejanía / De verdes campos, sábanas / Me deja sombras de infancia / Contando a esta distancia / En aquel tiempo, nosotros dos…
ARRAIAL
Acabou o arraial / Folhas e bandeiras já sem cor / Tal qual aquele dia em que chegaste / Tal qual aquele dia, meu amor / Para quê cantar / Se longe já não ouves / O nosso canto ainda está na fonte / E o nosso sonho, nas estrelas do horizonte / Ainda nasce a lua nos moinhos / Ainda nasce o dia sobre os montes / Ainda vejo a curva do caminho / Ainda o mesmo som, a mesma fonte / Sabes meu amor não estou sozinho / Pelas salas do silencio em que te escuto / Abro as janelas ainda cheira a rosmaninho / Vejo-me ao espelho, ainda vejo luto
Se acabó la romería / Hojas y banderas ya sin color / Tal como aquel día en que llegaste / Tal como aquel día, mi amor / Para qué cantar / Si desde lejos ya no oyes / Nuestro canto aún está en fuente / Y nuestro sueño, en las estrellas del horizonte / Aún nace la luna en los molinos / Aún nace el día sobre los montes / Aún veo la curva del camino / Aún el mismo sonido, la misma fuente / Sabes, mi amor, no estoy solo / Por las salas de silencio en que te escucho / Abro las ventanas, aún huele a romero / Me miro al espejo, aún veo luto
TRAGO ALENTEJO NA VOZ
Trago Alentejo na voz / Do cantar da minha gente / Ai rios de todos nós / Que te perdes na corrente / Ai planícies sonhadas / Ai sentir de olivais / Ai ventos na madrugada / Que me transcendem demais / Amigos, amigos / Papoilas no trigo / Só lá eu as tenho / E de braço dado contigo a meu lado / É de lá que eu venho / E de braço dado / Cantando ao amor / Guardamos o gado, papoilas em flor, / Que o vento num brado / Refresca o calor / E de braço dado, contigo a meu lado / Cantamos o amor / Ai rebanhos de saudades / Que deixei naqueles montes / Ai pastores de ansiedade / Bebendo água nas fontes / Ai sede das tardes quentes / Ai lembrança que me alcança / Ai terra prenhe de gente / Nos olhos duma criança
Traigo Alentejo en la voz / Del cantar de mi gente / Ay, río de todos nosotros / Que te pierdes en la corriente / Ay, llanuras soñadas / Ay, sentir de olivares / Ay, vientos en la madrugada / Que me superan demasiado / Amigos, amigos / Amapolas en el trigo / Sólo allí las tengo / Y contigo a mi lado, cogidos del brazo / Es desde allí de donde vengo / Cantando al amor / Guardamos el rebaño, amapolas en flore / Que el viento en un grito / Refresca el calor / Y contigo a mi lado, cogidos del brazo / Cantamos al amor / Ay, rebaños de saudades / Que dejé en aquellos montes / AY, pastores de ansiedad / Bebiendo agua en las fuentes / Ay sed de las tardes calientes / Ay, recuerdo que me alcanza / Ay, tierra llena de gente / En los ojos de un niño
TRISTE FADO
Senhora desconheço seus cuidados / Mas vejo-lhe no rosto desamores / Tão triste faz lembrar-me tristes fados / Onde o amor só rima com a dor / Senhora seu semblante me fascina / Quando olho em seu rosto e me entristeço / Não sei se me revela ou me domina / Mas sei que é nele que me reconheço / Senhora há algo em si de tão divino / Que acorde esta emoção a que me dou / No homem que hoje sou há um menino / Que anseia agradecer-lhe o ser que sou / Senhora amargura-me o seu pranto / Sem lhe poder dizer culpado sou / Nos olhos que lhe vejo o amor é tanto / Que fico nesta duvida em que estou / Senhora a quem fui eu ofender / Porque busquei caminhos não usados / Que sofrimento é vê-la sofrer / Tão triste, faz lembrar-me tristes fados
Señora, desconozco sus preocupaciones / Pero en el rostro le veo desamores / Tan triste que me hace recordar tristes fados / Donde el amor sólo rima con dolor / Señora, su semblante me fascina / Cuando miro a su rostro y me entristezco / No sé si me revela o me domina / Pero sé que en él me reconozco / Señora hay algo en usted tan divino / Que despierte esta emoción a que me entrego / En el hombre que hoy soy hay un niño / Que ansía agradecerle lo que soy / Señora, me da amargura su llanto / Sin poder decirle que soy culpable / En los ojos a que le miro es tanto el amor / Que me quedo en esta duda en que estoy / Señora a quien yo fui a ofender / Porque busqué caminos no usados / Qué sufrimiento es verla sufrir / Tan triste que me hace recordar tristes fados
NOITE DESPIDA
Noite despida sem lua / Na imensidão da cidade / Aonde não me conheço / O silêncio veste a rua / Anda de ronda a saudade / E eu por ti não adormeço / Noite despida sem horas / No quarto do abandono / Solidão por almofada / Em que lugar te demoras / Meu amor tarda-me o sono / E é tão perto a madrugada / Noite despida de tu / Do tempo mais que parado / A gritar-me à cabeceira / Eu num choro quase mudo / Hei-de esperar-te acordado / Nem que leve a vida inteira
Noche desnuda sin luna / En la inmensidad de la ciudad / Donde no me conozco / EL silencio viste la calle / Anda de ronda la saudade / Y yo por ti no me duermo / Noche desnuda, sin horas / En el cuarto del abandono / Soledad por almohada / En qué lugar te demoras / Mi amor, me tarda el sueño / Y está tan cerca la madrugada / Noche desnuda de ti / De un tiempo más que detenido / Gritando en mi cabecero / Y en un llanto casi mudo / Debo esperarte despierto / Aunque me lleve la vida entera
FADO ALCANTARADO
Fado, meu veneno desejado / Meu amigo alcantarado / Varanda do meu jardim / Fado meu universo, meu tudo! / Se te canto fico mudo / Parado dentro de mim… / Fado, quando te vou procurar / Caminho ruas de mar / Nas praias do teu passado / Fado, às caravelas erguido / És o mar dos meus sentidos / Meu veneno desejado / Fado, meu poeta, meu destino / Que dás luz ao meu caminho / Com olhos rasos de pranto / Fado, rosa dos ventos da vida / Cais de chegada e partida / Senhor dos poetas que canto
Fado, mi veneno deseado / Mi amigo alcantarado / Baranda de mi jardín / Fado, mi universo, mi todo / Si te canto me quedo mudo / Parado dentro de mí… Fado, cuando te voy a buscar / Camino calles de mar / En las playas de tu pasado / Fado, en carabelas erguido / Eres el mar de mis sentidos / Mi veneno deseado / Fado, mi poeta, mi destino / Que das luz a mi camino / Con ojos llenos de llanto / Fado, rosa de los vientos de la vida / Puerto de llegada y partida / Señor de los poetas que canto
TERRA DA MINHA GENTE
Ai terra da minha gente / Trigueira de solidão / A tua voz tão presente / Grita dos campos do pão / Mas grita como quem canta / Os silêncios do pastor / Quando a alma se agiganta / Morremos quase sem dor / Mas não morremos sozinhos / Nem chegamos a morrer / Que os cheiros dos teus caminhos / Nos obrigam a viver / A viver como quem molha / A boca seca num beijo / Ai terra que se desfolha / Ai pranto chão, Alentejo!
Ay, tierra de mi gente / Trigueña de soledad / Tu voz tan presente / Grita a los campos de pan / Pero grita como quien canta / El silencio del pastor / Cuando el alma se agiganta / Morimos casi sin dolor / Pero no morimos solos / Ni llegamos a morir / Que los aromas de tus caminos / Nos obligan a vivir / Vivir como quien moja / La boca seca en un beso / Ay, tierra que se deshoja / Ay, llanto llano, ¡Alentejo!
MINGUANTE DAS LUAS
Entre a água dos meus olhos / Salgada por te não ver / Ofereço todos os sonhos / Aos campos do nosso querer / Sobre o rio da minha vida / Entorno saudades tuas / Andam saudades perdidas / No minguante das luas / Que pranto me lava a cara / Por quem choro este tormento / Que alma então me rasgara / Tão profundo sentimento… / Este silencio amarrado / Que grita dentro de mim / Não é tristeza, nem fado / Mas o principio do fim!
Entre el agua de mis ojos / Salada por no verte / Ofrezco todos los sueños / A los campos de nuestro querer / Sobre el río de mi vida / Entorno saudades tuyas / Andan saudades perdidas / En el menguar de las lunas / Que el llanto me lava la cara / Por quien lloro este tormento / Que entonces el alma me rasga / Tan profundo sentimiento… / Este silencio amarrado / Que grita dentro de mí / No es tristeza, ni fado / ¡Pero es el principio del fin!
Por Meu Cante (2004)
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Pra onde quer que me volte
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Janela virada p´ro mar
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Sra da Nazaré
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Uma vez que seja
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Sino da minha aldeia
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Noite Cheia De Estrelas
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Noite Apressada
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Verão
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Cravo de São João
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Rapaz da camisola verde
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Que inveja tens tu das rosas
PRA ONDE QUER QUE ME VOLTE
Por muito que me revolte / Seres somente uma miragem / Pra onde quer que me volte / Vejo sempre a tua imagem / Imagem que me enlouquece / Como um louco no deserto / Que do nada me aparece / E tão distante és tão perto / Vejo-te envolta em poeira / Ou transparente cristal / E a loucura é mais inteira / O sonho quase real / Por muito que me revolte / Seres somente uma miragem / Pra onde quer que me volte / Vejo sempre a tua imagen
Por mucho que me revele / Que sólo seas un espejismo / Hacia donde quiera que mire / Veo siempre tu imagen / Imagen que me enloquece / Como a un loco en el desierto / Que de la nada me aparece / Y tan distante estás tan cerca / Te veo envuelta en polvareda / O cristal transparente / Y la locura es más entera / El sueño casi real / Por mucho que me revele / Que sólo seas un espejismo / Hacia donde quiera que mire / Veo siempre tu imagen
JANELA VIRADA P´RO MAR
Cem anos que eu viva, não posso esquecer-me / Daquele navio que eu vi naufragar / Na boca da barra tentando perder-me / Daquela janela virada p´ro mar / Sei lá quantas vezes matei o desejo / E fui pelo mar fora com a alma a sangrar / Levando na ideia uns lábios que invejo / E aquela janela virada p´ro mar / Marinheiro do mar alto olha as ondas, uma a uma / Preparando-te um assalto entre montes de alva espuma / Por mais que elas bailem numa louca orgia / Não trazem desejos de me torturar / Como aquela doida que eu deixei um dia / Naquela janela virada p´ro mar… / Se mais ainda houvesse, mais portos correra / Lembrando-me em noites de meigo luar / Duns olhos gaiatos que trago à espera / Naquela janela virada p´ro mar / Mas quis o destino que o meu mastodonte / Já velho e cansado, viesse encalhar / Na boca da barra, e mesmo de fronte / Daquela janela virada p´ro mar…
Aunque viva cien años, no podré olvidar / De aquel navío que vi naufragar / Intentado a perderme por la bocana / De aquella ventana orientada hacia el mar / No sé cuántas veces maté el deseo / Me fui por el mar con el alma sangrando / Llevando la idea de unos labios que envidio / Y aquella ventana orientada hacia el mar / Marinero de altamar, mira las ondas, de una en una / Preparando un abordaje entre montes de blanca espuma / Por más que ellas bailen en una loca orgía / No traen deseos de torturarme / Como aquella loca a la que dejé un día / En aquella ventana orientada al mar… / Si aún hubiese más, recorrería más puertos / Recordando en noches de suave luna / Dos ojos traviesos que tengo esperando / En aquella ventana orientada al mar / Pero quiso el destino que mi mastodonte / Ya viejo y cansado viniese para encallar / En la bocana, y justo enfrente / De aquella ventana orientada al mar…
SRA DA NAZARÉ
Senhora da Nazaré, rogai por mim / Também sou um pescador que anda no mar / Ao largo da vida aproei nas vagas sem fim / Vi o meu barquito de sonhos sempre a naufragar / As minhas redes lancei com confiança / Colhi só desilusões num mar ruim / Perdi o leme da esperança / Eu não sei remar assim / Senhora da Nazaré, rogai por mim.
Señora de Nazaré, rogad por mí / También soy un pescador que está en el mar / A lo largo de la vida puse mi proa a olas sin fin / Vi mi barquito de sueños siempre naufragar / Mis redes las lancé con confianza / Cogí sólo desilusiones en un mar ruin / Perdí el timón de la esperanza / Yo no sé remar así / Señora de Nazaré, rogad por mí.
UMA VEZ QUE SEJA
Tu que navegas ao sabor do vento / Sem outra rota que o que se deseja / Tu que tens por mapa o firmamento / Vem descobrir-me uma vez que seja / E diz-me das viagens que eu não faço / Dos mundos cintilantes que antevejo / E traz-me mares de mel no teu abraço / Poeira de ouro velho no teu beijo / De ti não espero amarras nem promessas / É livre que te quero neste cais / Até que um dia em mim não amanheças / E te faças ao mar uma vez mais / E mesmo nesta hora de perder-te / Sabendo que a magia se desfez / Terá valido a pena conhecer-te / E deslumbrar-me ao menos uma vez!
Tú que navegas al sabor del viento / Sin más ruta que lo que se desea / Tú que tienes por mapa el firmamento / Ven a descubrirme, aunque sea una vez / Y háblame de los viajes que no hago / De los mundos deslumbrantes que intuyo / Y tráeme mares de miel en tu abrazo / Polvaredas de oro viejo en tu beso / De ti no espero amarras ni promesas / Es libre como te quiero en este puerto / Hasta que un día no amanezcas en mí / Y te hagas al mar una vez más / E incluso en esa hora de perderte / Sabiendo que la magia se deshace / Habrá valido la pena conocerte / Y deslumbrarme al menos por una vez
SINO DA MINHA ALDEIA
Oh sino da minha aldeia / Dolente na tarde calma / Cada tua badalada / Soa dentro da minha alma / E é tão lento o teu soar / Tão como triste da vida / Que já a primeira pancada / Tem o som de repetida / Por mais que me tanjas perto / Quando passo sempre errante / És para mim como um sonho / Soas-me na alma distante / A cada pancada tua / Vibrante no céu aberto / Sinto mais longe o passado / Sinto a saudade mais perto
Oh campana de mi aldea / Doliente en la tarde calma / Cada campanada tuya / Suena dentro de mi alma / Y es tan lento tu sonar / Como tan triste la vida / Que ya la primera tonada / Suena como repetida / Por más que me tañas cerca / Cuando paso, siempre errante / Eres para mí como un sueño / Me suenas en el alma distante / A cada tonada tuya / Vibrante en el cielo abierto / Más lejos siento el pasado / La saudade más cerca siento
NOITE CHEIA DE ESTRELAS
Noite alta, céu risonho / A quietude é quase um sonho / O luar cai sobre a mata / Qual uma chuva de prata / De raríssimo esplendor / Só tu dormes, não escutas / O teu cantor revelando a lua airosa / A história dolorosa / Deste amor / Lua, manda a tua luz prateada / Despertar a minha amada / Quero matar meus desejos / Sufocá-la com os meus beijos / Canto e a mulher que eu amo tanto / Não escuta, está dormindo / Canto e por fim / Nem a lua tem pena de mim / Pois ao ver que quem te chama sou eu / Entre a neblina se escondeu / Lá no alto a lua esquiva / Está no céu tão pensativa / As estrelas tão serenas / Qual dilúvio de falenas / Andam tontas ao luar / Todo astral ficou silente / Para escutar / O teu nome entre as endeixas / As dolorosas queixas ao luar
Noche alta, cielo risueño / La quietud es casi un sueño / La luz de la luna cae sobre el bosque / Como una lluvia de plata / De rarísimo esplendor / Sólo tú duermes, no escuchas / Tu cantor revela la luna airosa / La historia dolorosa / De este amor / Luna, manda tu luz plateada / A despertar a mi amada / Quiero matar mis deseos / Ahógala con mis besos / Canto y la mujer que tanto amo / No escucha, está durmiendo / Canto y por fin / Ni la luna se compadece de mí / Pues al ver que quien te llama soy yo / Entre la neblina se escondió / Allá en lo alto la luna esquiva / Está en el cielo tan pensativa / Las estrellas tan serenas / Como diluvio de falenas / Andan atontadas a la luz de la luna / Todo astro quedó en silencio / Para escuchar / Tu nombre entre las endechas / Las dolorosas quejas a la luz lunar
NOITE APRESSADA
Era uma noite apressada / Depois de um dia tão lento. / Era uma rosa encarnada / Aberta nesse momento / Era uma boca fechada / Sob a mordaça de um lenço / Era afinal quase nada / E tudo parecia imenso! / Imensa a casa perdida / No meio do vendaval / Imensa a linha da vida / No seu desenho mortal / Imensa na despedida / A certeza do final / Era uma haste inclinada / Sob o capricho do vento / Era minh´ alma, dobrada / Dentro do teu pensamento / Era uma igreja assaltada / Mas que cheirava a incenso / Era afinal quase nada / E tudo parecia imenso / Imensa, a luz proibida / No centro da catedral / Imensa, a voz diluída / Além do bem e do mal / Imensa por toda a vida / Uma descrença total
Era una noche apresurada / Después de un día tan lento / Era una rosa encarnada / Abierta en ese momento / Era una boca cerrada / Bajo la mordaza de un lienzo / Era al final casi nada / ¡Y todo parecía inmenso! / Inmensa la casa perdida / En medio del vendaval / Inmensa la línea de la vida / En su dibujo mortal / Inmensa en la despedida / La certeza del final / Era un mástil inclinado / Bajo el capricho del viento / Era mi alma, doblada / Dentro de tu pensamiento / Era una iglesia asaltada / Aunque oliera a incienso / Era al final casi nada / ¡Y todo parecía inmenso! / Inmensa la luz prohibida / En el centro de la catedral / Inmensa la voz diluida / Más allá del bien y el mal / Inmensa por toda la vida / Una incredulidad total
VERÃO
No verão / A brasa dourada e celeste / Queima este solo agreste / Doirando mais as espigas / Ceifeiros corpos curvados / Ceifando e atando em molhos / A benção loira da vida / Meu Alentejo / Enquanto isto se processa / O sol ferindo, sem pressa / Queima mais a tez bronzeada / O suor rasga a camisa / O homem queimado mais fica / E a vida é feita de brasa / O calor castiga os corpos / Os ceifeiros vão ceifando / Sem parar o seu labor / O seu cantar é dolente / É certo que é boa gente / Tem verdade, e tem mais cor!
En verano / La brasa dorada y celeste / Quema este suelo agreste / Dorando más las espigas / Segadores cuerpos curvados / Segando y atando en haces / La bendición rubia de la vida / Mi Alentejo / Mientras esto se realiza / El sol herido, sin prisa / Quema más la tez bronceada / El sudor rasga la camisa / El hombre queda más quemado / Y la vida está hecha de brasas / El calor castiga los cuerpos / Los céfiros van segando / Sin detener su labor / Su cantar es doliente / Es cierto que es buena gente / Tiene verdad, ¡tiene más color
CRAVO DO SÃO JOÃO
Quando a vi ela trazia / Bem juntinho ao coração / Como um hino de alegria / Um cravo de são João / Passou por mim apressada / Da primeira vez que a vi / Achei a moça engraçada / E nunca mais a esqueci / Vinha bonita / Com o seu vestido de chita / Tinha uma graça infinita / Tinha um ar bem português / O meu olhar / Pousou nela como um beijo / E fiquei com o desejo / De a encontrar outra vez / Fez-me o destino a vontade / Novamente a encontrei / Mas para falar a verdade / Que diferença eu lhe achei / Elegante no trajar / De luxo e ostentação / E uma orquídea no lugar / Do cravo de são João / Vinha elegante / Num vestido extravagante / E tinha um ar petulante / Que cheirava a perdição / Naquela orquídea / Sua vida se resume / Porque perdeu o perfume / Do cravo de são João
Cuando la vi ella traía / Bien pegado al corazón / Con un himno de alegría / Un clavel de san Juan / Pasó junto a mí apresurada / La primera vez que la vi / Me pareció una moza graciosa / Y nunca más la olvidé / Venía bonita / Con su vestido estampado / Tenía una gracia infinita / Tenía un aire muy portugués / Mi mirada / Se posó en ella como un beso / Y me quedé con el deseo / De encontrármela otra vez / El destino cumplió mi deseo / Nuevamente la encontré / Pero para decir la verdad / Qué diferencia encontré / Elegante en el vestir / De lujo y ostentación / Y una orquídea en el lugar / Del clavel de san Juan / Venía elegante / Con un vestido extravagante / Y tenía un aire petulante / Que olía a perdición / En aquella orquídea / Su vida se resume / Porque perdió el perfume / Del clavel de san Juan
RAPAZ DA CAMISOLA VERDE
De mãos nos bolsos e de olhar distante / Jeito de marinheiro ou de soldado / Era o rapaz de camisola verde / Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado / Perguntei quem era, ele me disse / Sou do monte senhor, um seu criado / Pobre rapaz de camisola verde / Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado / Porque me assaltam turvos pensamentos / Na minha frente estava um condenado / Vai-te rapaz de camisola verde / Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado / Ouvindo-me quedou-se altivo o moço / Indiferente à raiva do meu brado / E ali ficou de camisola verde / Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado / Soube depois ali que se perdera / Esse que só eu pudera ter salvado / Aí do rapaz de camisola verde / Negra madeixa ao vento, boina maruja ao lado…
Con las manos en los bolsillos y la mirada distante / Gesto de marinero o de soldado / Era el muchacho de la blusa verde / Negra coleta al viento, boina marinera al lado / Pregunté quién era, él me dijo / Soy del monte, señor, un criado suyo / Pobre muchacho de la blusa verde / Negra coleta al viento, boina marinera al lado / Porque me asaltan turbos pensamientos /En mi frente estaba un condenado / Ve, rapaz de la blusa verde / Negra coleta al viento, boina marinera al lado / Escuchándome se mostró altivo el mozo / Indiferente a la rabia de mi queja / Y allí se quedó con su blusa verde / Negra coleta al viento, boina marinera al lado / Supe justo después que se perdiera / A ese que sólo yo podría haber salvado / Ay del muchacho de la blusa verde / Negra coleta al viento, boina marinera al lado…
QUE INVEJA TENS TU DAS ROSAS
De noite pelas campinas / Anda o sol atrás da lua / Assim vai a minha sina / Meu amor atrás da tua / Que inveja tens tu das rosas / Se és linda como elas são / A rainha das flores / Tratadas por tuas mãos / Tratadas por tuas mãos / Pelas tuas mão mimosas / Se és linda como elas são / Que inveja tens tu das rosas
De noche por las campiñas / El anda tras la luna / Va así mi sino / Mi amor detrás del tuyo / Qué envidia tienes de las rosas / Si eres linda como ellas / La reina de las flores / Tratadas por tus manos / Tratadas por tus manos / Por tus manos mimosas / Si eres linda como ellas / Qué envidia tienes de las rosas