Argentina Santos
Maria Argentina Pinto dos Santos, conocida como Argentina Santos, nació en el popular barrio de Mouraria en 1926 y es considerada una de las últimas divas del fado castizo.
En 1950, con la apertura al público de su restaurante "A Parreirinha de Alfama", Argentina Santos comienza su carrera artística cantando para los que acudían al restaurante. Su estilo tan personal, fuerte y auténtico, captó enseguida la atención de los críticos y el público, proclamándola una de las grandes promesas musicales de la época. Se convirtió en una gran renovadora del fado castizo, el fado más tradicional.
Por su casa de fados pasaron las voces femeninas más ilustres. Entre sus mayores éxitos están Duas santas, con letra de Augusto Martins y música del Fado Franklin, y Juras, con letra de Alberto Rodrigues y música de Joaquim Campos. Diez años despues de comenzar su carrera graba su primer disco, con canciones como Chafariz do Rei, Quadras, Naquela noite em Janeiro, Amar não é pecado, Dito por não dito, Passeio fadista, A grandeza do fado, Não me venhas bater à porta, Mágoas com a vida, Reza, Quadras soltas y Os meus passos.
Como perteneciente a la antigua generación por excelencia, Argentina llevó a cabo varias giras internacionales y áctuó en países como Venezuela, Grecia, Países Bajos, Brasil, Italia, Francia e Escocia, entre otros. Entre las salas más distinguidas en las que cantó se encuentran el Queen Elisabeth Hall de Londres, La Cité de La Musique de Paris, o el Grande Auditório de CCB, el Coliseu dos Recreios en Lisboa, y la Catedral de Marsella.
Ha participado en grandes proyectos ligados al fado, como el espectáculo Cabelo branco é saudade, de Ricardo Pais, donde, además de interpretar fados de su repertorio, canto Lágrima de Amália Rodrigues. El realizador Carlos Saura inmortalizó el fado Vida vivida y la voz de Argentina Santos en el filme Fados de 2007.
Es patrona de la Academia de Fado en Racanti, en Italia, que ella misma inauguró. Y, en 2005, fue galardonada con el Premio Amália Rodrigues por toda su carrera.
A rir e a brincar
A rir e a brincar trocamos um sorriso / Cruzamos um olhar, palavras não houveram / Somente o coração falou por nós os dois / E disse coisas lindas que os lábios não disseram / Nenhum de nós teve culpa / De me quereres e eu te querer / Eu olhei e tu olhaste / Eu gostei e tu gostaste / E nada mais sei dizer; / Que importa que o mundo fale / Maldizendo o nosso amor / Se ele fala, tem razão / É sinal que esta paixão / Sempre tem algum valor / Falar sem saber não chega a ser falar / Não chega a ser dizer, só fala quem não sente / Ou não sabe sentir o que é um grande amor / Que nasce dentro em nós e morre com a gente.
Al reír y al jugar cambiamos una sonrisa / Cruzamos una mirada, no hubo palabras / Solamente el corazón habló por nosotros dos / Y dijo las cosas bellas que los labios no dijeron / Ninguno de nosotros tuvo la culpa / De que me quieras y que yo te quiera / Yo miré y tú miraste / Yo gusté u tú gustaste / Y no sé decir nada más; / Qué importa que el mundo hable / Maldiciendo nuestro amor / Si él habla tiene razón / Es señal de que esta pasión / Siempre tiene algún valor / Hablar sin saber no llega a ser hablar / No llega a ser decir, sólo habla quien no siente / O no sabe sentir lo que es un gran amor / Que nace dentro de nosotros y muere con la gente.
Vida vivida
Volta atrás vida vivida / Para eu tornar a ver / Aquela vida perdida / Que nunca soube viver / Voltar de novo quem dera / A tal tempo, que saudade / Volta sempre a primavera / Só não volta a mocidade / O tempo vai-se passando / E a gente vai-se iludindo / Ora rindo ora chorando / Ora chorando ora rindo / Meu deus, como o tempo passa / Dizemos de quando em quando / Afinal, o tempo fica / A gente é que vai passando.
Vuelve atrás, vida vivida / Para que yo vuelva a ver / Aquella vida perdida / Que nunca supe vivir / Volver de nuevo, quién me concediera / A aquel tiempo, qué saudade / Vuelve siempre la primavera / Solo no vuelve la juventud / El tiempo va pasando / Y la gente se va engañando / Ahora riendo ahora llorando / Ahora llorando ahora riendo / Dios mío, cómo pasa el tiempo / Decimos de cuando en cuando / Al final el tiempo se queda / La gente es la que va pasando.
O Chico da Mouraria
O Chico da Mouraria / Cantava tão bem o fado; / Com tanta sabedoria / Que era o homem mais falado / De quantos homens havia / Uma guitarra de pinho / Com cinco cordas de arame / Tocava-a com tal jeitinho / Que era sempre um enxame / De moças, pelo caminho / Mas certo dia, á tardinha / Um grande de Portugal / Deu-lhe um recado que tinha / Vai ao palácio real / Cantar o fado á rainha / A raínha era novita / Uma princesa estrangeira / Usava laços e fita / Na doirada cabeleira / Que a tornavam tão bonita / Eu não sei aqui contar / O que depois aconteceu / Talvez o saiba o luar / Que o fado logo aprendeu / E o anda sempre a cantar / E então, desde esse dia / Desde aquela serenata / Sem saber quem lha daria / Usa guitarra de prata / O Chico da Mouraria
Chico el de Mouraria / Cantaba tan bien el fado; / Con tanta sabiduría / Que era el hombre del que más se hablaba / De cuantos hombres había / Una guitarra de pino / Con cinco cuerdas de alambre / La tocaba con tal habilidad / Que era siempre un enjambre / De mozas, por el camino / Pero cierto día, por la tardecita / Un grande de Portugal / Le dio un recado que tenía / Va al palacio real / A cantar fado a la reina / La reina era jovencita / Una princesa extranjera / Usaba lazos y cintas / En la dorada cabellera / Que la hacían tan bonita / Yo no sé contar aquí / Lo que después sucedió / Tal vez lo sepa la luz de la luna / Que el fado luego se aprendió / Y siempre lo anda cantando / Y entonces, desde ese día / Desde aquella serenata / Sin saber quién se la dio / Usa guitarra de plata / Chico el de Mouraria
Maria Severa
Num beco da Mouraria / Onde a alegria do sol não vem / Morreu Maria Severa / Sabem quem era? ... talvez ninguém / Uma voz sentida e quente / Que hoje á terra disse adeus / Voz saudosa, voz ausente / Mas que vive eternamente / Dentro em nós e junto a Deus / Além nos céus / Bem longe onde o luar e o azul tem mais luz / Eu vejo-a rezar aos pés duma cruz / Guitarras trinai, viradas pro céu / Fadistas chorai porque ela morreu / Caíu a noite na viela / Quando o olhar dela deixou de olhar / Partiu pra sempre vencida / Deixando a vida que a fez chorar / Deixa um filho idolatrado / Que outro afeto igual, não tem / Chama-se ele "o triste fado" / Que vai ser desenjeitado / Se perdeu o maior bem
En un callejón de Mouraria / Donde no viene la alegría del sol / Murió Maria Severa / ¿Saben quién era?... Tal vez nadie / Una voz sentida y cálida / Que hoy a la tierra le dijo adiós / Voz saudosa, voz ausente / pero que vive eternamente / Dentro de nosotros y junto a Dios / Allá en el cielo / Bien lejos donde la luna y el azul tienen más luz / Yo la veo rezar a los pies de una cruz / Guitarras, tocad, giradas hacia el cielo / Fadistas, llorad, porque ella murió / Callo la noche en la calle / Cuando su mirada dejó de mirar / Partió para siempre vencida / Dejando la vida que la hizo llorar / Deja un hijo idolatrado / Que otro afecto igual no tiene / Él se llama "el triste fado" / Que será abandonado / Se perdió el mayor bien
Minha mãe nasci fadista
Minha mãe nasci fadista / Mora fado no meu peito; / Não se canse, não insista / Não há ninguém que desista / Quando vive satisfeito / Não lhe dê maior cuidado / Este modo de cantar / É um destino marcado / Quando sofro, canto o fado / Antes isso que chorar / Quem chora dá a saber / A má sorte que lhe cabe / Neste meu jeito de ser / Posso cantar por sofrer / Não o digo e ninguém sabe / Fado, é triste solidão / Fado existe em todos nós / Cantar fado é um condão / É dar fala ao coração / E viver com essa voz / A cantar vivo contente / Tenho a sorte que Deus quis / Quando o fado é permanente / Dá tristeza a quem o sente / Mas quem o canta, é feliz
Madre mía, nací fadista / Mora el fado en mi pecho; / No se canse, no insista / No hay nadie que desista / Cuando viva satisfecho / No preste mayor atención / Este modo de cantar / Es un destino marcado / Cuando sufro, canto fado / Antes eso que llorar / Quien llora da a conocer / La mala suerte que le cabe / En este modo mío de ser / Puedo cantar por sufrir / No lo digo y nadie sabe / Fado es triste soledad / El fado existe en todos nosotros / Cantar fado es un don / Es dar habla al corazón / Es vivir con esa voz / Al cantar vivo contenta / tengo la suerte que Dios quiso / Cuando el fado es permanente / Da tristeza a quien lo siente / Pero quien lo canta es feliz
Cabelo branco é saudade
Cabelo branco é saudade / Da mocidade perdida / Ás vezes não é da idade / São os desgostos da vida / Amar demais, é doidice / Amar de menos, maldade / Rosto enrugado, é velhice / Cabelo branco é saudade / Saudades são pombas mansas / A que nós damos guarida / Paraíso de lembranças / Da mocidade perdida / Se a neve cai ao de leve / Sem mesmo haver tempestade / O cabelo cor da neve / Ás vezes não é da idade / Pior que o tempo, em nos pôr / A cabeça encanecida / São as loucuras d'amor / São os desgostos da vida / Para o passado não olhes / Quando chegares a velhinho / Porque é tarde já não podes / Voltar atrás ao caminho / A minha pobre garganta / Já não tem a voz de outrora / Mas quando canta ainda canta / Ao pé das vozes de agora
Cabello blanco es saudade / De la juventud perdida / A veces no es por la edad / Son los disgustos de la vida / Amar de más es locura / Amar de menos, maldad / Rostro arrugado es vejez / Cabello blanco es saudade / Saudades son palomas mansas / A las que nosotros damos guarida / Paraíso de recuerdos / De la juventud perdida / Si la nieve cae sin ser notada / Incluso sin haber tempestad / El cabello color de nieve / A veces no es por la edad / Peor que el tiempo puso en nosotros / La cabeza encanecida / Son las locuras del amor / Son los disgustos de la vida / Para el pasado no mires / Cuando llegues a viejecito / Porque es tarde ya no puedes / Volver atrás en el camino / Mi pobre garganta / Ya no tiene la voz de antes / Pero cuando canta aún canta / Al pie de las voces de ahora
Amar não é pecado
Há quem recorde o passado / Com um desgosto profundo / Por ter amado, porém / Amar não é um pecado / Pecado é andar no mundo / Sem ter amor a ninguém / O coração que namora / Sente o perfume da flor / E o doce encanto do ninho / Ai do coração que chora / Por uma gota de amor / E morre sem um carinho / Pedi a Deus que fizesse / Da minha em pedaços / E do teu viver, jardim / Deus ouviu as minhas preces / Deu-me por cruz, os teus braços / E este amor que não tem fim / Pelo muito que tenho amado / Eu não estou arrependida / Meu amor, porque sei bem / Amar não é um pecado / Pecado é andar no mundo / Sem ter amor a ninguém
Hay quien recuerda el pasado / Con un disgusto profundo / Por haber amado, sin embargo / Amar no es pecado / Pecado es estar en el mundo / Sin tener amor a nadie / El corazón que se enamora / Siente el perfume de la flor / Y el dulce encanto del nido / Ay del corazón que llora / Por una gota de amor / Y muere sin un cariño / Pedo a Dios que hiciese / De mi vida pedazos / Y de tu vivir un jardín / Dios escuchó mis súplicas / Me dio por cruz tus brazos / Y este amor que no tiene fin / Por lo mucho que he amado / Yo no estoy arrepentida / Mi amor, porque sé bien / Amar no es pecado / Pecado es estar en el mundo / Sin tener amor a nadie
Praga
Eu sei que o mundo murmura / E fala sem ter razão / Do meu viver de amargura / Porque lhe dei com ternura / O meu pobre coração / Um dia, vi-o passar / Em certo bairro fadista / Fiquei presa ao seu olhar / E deixei-me enfeitiçar / Assim á primeira vista / Qual louca, fui ter com ele pra dizer-lhe o que sentia / Disse que gostava dele / E ele, com ar cruel / Respondeu que não me queria / Ergui os olhos aos céus / E uma praga lhe roguei / E com fé pedi a Deus / Pra cegar os olhos seus / Como de amor eu ceguei
Yo sé que el mundo murmura / Y habla sin tener razón / De mi vivir de amargura / Porque le di con ternura / Mi pobre corazón / Un día lo vi pasar / En cierto barrio fadista / Quede prendada de su mirada / Y me dejé hechizar / Así, a primera vista / Qué locura, fui hacia él para decirle lo que sentía / Le dije que me gustaba / Y él, con aire cruel / Respondió que no me quería / Elevé los ojos a los cielos / Y un mal pedí para él / Y con fe le pedí a Dios / Que le cegara los ojos / Como de amor yo me cegué
Meus olhos
Meus olhos que por alguém / Deram lágrimas sem fim / Já não choram por ninguém / Basta que chorem por mim / Arrependidos e olhando / A vida como ela é / Meus olhos vão conquistando / Mais fadiga e menos fé / Sempre cheios de amagura / Mas se a vida é mesmo assim / Chorar alguém, que loucura / Basta que chorem por mim
Mis ojos que por alguien / Dieron lágrimas sin fin / Ya no lloran por nadie / Basta que lloren por mí / Arrepentidos y mirando / La vida tal como es / Mis ojos van conquistando / Más fatiga y menos fe / Siempre llenos de amargura / Pero sí la vida es justamente así / Llorar por alguien, qué locura, / Basta que lloren por mí
Lágrima
Cheia de penas / Cheia de penas me deito / E com mais penas / Com mais penas me levanto / No meu peito / Já me ficou no meu peito / Este jeito / O jeito de querer tanto / Desespero / Tenho por meu desespero / Dentro de mim / Dentro de mim o castigo / Eu não te quero / Eu digo que não te quero / E de noite / De noite sonho contigo / Se considero / Que um dia hei de morrer / No desespero / Que tenho de te não ver / Estendo o meu chalé / Estendo o meu chalé no chão / Estendo o meu chalé / E deixo-me adormecer / Se eu soubesse / Se eu soubesse que morrendo / Tu me havias / Tu me havias de chorar / Por uma lágrima / Por uma lágrima tua / Que alegria / Me deixaria matar
Llena de penas / Llena de penas me acuesto / Y con más penas / Con más penas me levanto / En mi pecho / Ya se ha quedado en mi pecho / Esta forma / Esta forma de quererte tanto / Desesperación / Tengo como desesperación / Dentro de mí / Dentro de mí el castigo / Yo no te quiero / Yo digo que no te quiero / Y de noche / De noche sueño contigo / Si considero / Que un día he de morir / Mi desesperación / Es no volver a verte / Extiendo mi chal / Extiendo mi chal en el suelo / Extiendo mi chal / Y me dejo adormecer / Si yo supiese / Si yo supiese que muriendo / Tú me habías / Tú me habías de llorar / Por una lágrima / Por una lágrima tuya / Qué alegría / Me dejaría matar