top of page

Mafalda Arnaut

Mafalda Arnauth (Lisboa, 4 de octubre de 1974) inició su carrera en 1995, en un concierto en el Teatro de São Luís, en Lisboa, en el que participó gracias a una invitación del fadista João Braga. Lo que parecía en un principio como una participación puntual se convirtió en una carrera profesional.

Su primer álbum, Mafalda Arnauth (1999), fue aclamado por la crítica y recibió el premio a la voz revelación por parte de la revista portuguesa BLITZ, además de ser muy apreciado por el público joven, un éxito que se repetiría en su segundo disco, Esta voz que me atravessa (2001), casi completamente dedicado al fado. En 2003, Mafalda Arnauth lanzó Encantamento, en el que surge también como compositora, firmando casi todas las composiciones. Diário (2005) fue elegido por la crítica y sus seguidores como el mejor trabajo de la cantante hasta la fecha. Desde entonces ha publicado dos discos más: Flor de Fado (2008) y Fadas (2010).

Discografía

1. Meus lindos olhos

2. Fado sem fim

3. Impunemente

4. Sonho imperfeito

5. Quase imortal

6. De quem dá

7. O Sol chama por mim

8. Talvez se chame saudade

9. Serás sempre Lisboa

10. Porque as marés são mais calmas

11. Contra ventos e marés

Mafalda Arnauth (1999)

Meus lindos olhos

 

Meus lindos olhos, qual pequeno deus / Pois são divinos, de tão belos os teus. / Quem tos pintou com tal feição / Jamais neles sonhou criar tanta imensidão. / De oiro celeste, / Filhos de uma chama agreste / Astros que alto o céu revestem / E onde a tua história é escrita. / Meus lindos olhos, de lua cheia / Um esquecido do outro, a brilhar p´rá rua inteira. / Quem não conhece o teu triste fado / Não desvenda em teu riso um chorar tão magoado. / Perdões perdidos / Num murmúrio desolado / Quando o réu morava ao lado / Mais cruel não pode ser. / Este fado que aqui canto / Inspirou-se só em ti / Tu que nasces e renasces / Sempre que algo morre em ti / Quem me dera poder cantar / Horas, dias, tão sem fim / Quando pedes só pra mim / Por favor só mais um fado.

Mis lindos ojos, como un pequeño dios / Pues son divinos, de tan bellos los tuyos / Quien te los pintó con tal genio / Jamás soñó crear en ellos tanta inmensidad. / De oro celestial, / Hijos de una llama salvaje / Astros que en lo alto revisten el cielo / Y donde tu historia está escrita. / Mis lindos ojos, de luna llena / Uno olvidado de otro, brillando por toda la calle / Quien no conoce tu triste fado / No descubre en tu risa un llanto tan herido / Perdones perdidos / En un murmullo desolado / Cuando el reo moraba al lado / Más cruel no puede ser / Este fado que aquí canto / Se inspiró sólo en ti / Tú que naces y renaces / Siempre que algo muere en ti / Quien me concediera poder cantar / Horas, días, tan sin fin / Cuando me pides sólo a mí / Por favor, solo un fado más.

Fado sem fim

Este amor que habita em mim / Tão sem jeito de acabar / É romance já sem fim / Da minha alma e meu cantar / Apaixonaram-se assim / Ninguém há que os vá separar. / Saberá que me ouve agora / Vendo meu olhar cerrado / Que assim canto o que em mim mora / Rasgo meu peito calado / Escutai bem meu cantar / Pois meu mundo todo é fado. / Se é sereno o meu semblante / Creiam que Deus me sorri / Mas se eu cantar como nunca / Creiam que Ele canta por mim / Que este meu jeito de ser / É bem Deus que me faz assim.

 

Este amor que habita en mí / Tan sin ganas de acabarse / Es romance ya sin fin / De mi alma y mi cantar / Se apasionaron así / No hay quien los pueda separar. / Sabrá que me escucha ahora / Viendo mi mirada cerrada / Que así canto lo que en mí mora / Rasgo mi pecho callado / Escuchad bien mi cantar / Pues todo mi mundo es fado. / Si es sereno mi semblante / Crean que Dios me sonríe / Mas si canto como nunca / Crean que el canta por mí / Que esta forma mía de ser / Es un bien de Dios que me hace así.

Impunemente

Parti talvez p'ra nunca mais voltar / Com o rosto que já nem parece meu / Sofri a dor mais louca por amar / Alguém a quem meu peito tudo deu / Vazia, sem destino fui p'las ruas / Em busca do recanto mais escondido / Neguei poder sentir saudades tuas / P'ra não morrer de vez o meu sentido / Mas ai de mim, não se ama impunemente / E o peito chora mais do que a razão / No meu cantar já soa tristemente / A dor de ver morrer o coração

  

Partí tal vez para nunca más volver / Con el rostro que ya ni parece mío / Sufrí el dolor más loco por amar / A alguien a quien mi pecho lo do todo / Vacía, sin destino, fui por las calles / En busca del rincón más escondido / Negué poder sentir saudades de ti / Para que no muriera de golpe mi sentido / Pero, ay de mí, no se ama impunemente / Y el pecho llora más que la razón / En mi cantar ya suena tristemente / El dolor de ver morir el corazón

Sonho imperfeito

A dor que trago no peito / Já não é dor, já sou eu / Sou eu o sonho imperfeito / Por trazer dentro do peito / Um amor que é só meu. / Já não tenho o meu sorrir / Que dava luz ao meu ser / Já nem sei p'ra onde ir / Tudo é fado, é já partir / Tudo em mim é padecer. / E é minha voz, meu penar / É o chorar que não choro / Que me alimenta ao cantar / Esta loucura de amar / É toda a fé em que moro. / Dias que passam sem fim / Num desafio sem igual / Ai dias, chamem por mim / P'ra eu saber ao que vim / P'ra eu esquecer este mal.

 

El dolor que traigo en el pecho / Ya no es dolor, ya soy yo / Soy yo el sueño imperfecto / Por traer dentro del pecho / Un amor que es sólo mío. / Ya no tengo mi sonrisa / Que daba luz a mi ser / Ya ni sé hacia donde ir / Todo es fado, es ya partida / Todo en mí es padecer. / Y es mi voz, mi penar / Y el llanto que no lloro / Que me alimenta al cantar / Esta locura de amar / Y toda la fe en que vivo. / Días que pasan sin fin / En un desafío sin igual / Ay, días, llamadme a mí / Para saber a que vine / Para olvidar este mal.

Quase inmortal

Quis soltar o grito que me queima / Um lamento que em mim teima / Em não ficar calado./ Quis soltar a mágoa, a ansiedade / Dos dias da verdade / Tão diferentes do passado. / E agora que soltei o meu grito / Não menos triste me sinto / Que o cantar não leva a dor, / Pois o meu canto não muda o destino / De viver em desatino / Eu, a vida e este amor. / Quis viver um amor quase imortal / Que não me levasse a mal / Ter tamanho coração. / Fui amada na ilusão de quem não o era / Talvez por quem tanto dera / Sem saber que era em vão / E o meu pecado é ainda acreditar / Ser possível querer e amar / Dando ouvidos à razão. / Se o amor é louco como dizem por aí, / Eu que a mim sempre menti, / Vou escutar meu coração.

 

Quise soltar el grito que me quema / Un lamento que en mí se empeña / En no quedarse callado / Quise soltar la amargura, la ansiedad / De los días de la verdad / Tan diferentes de la verdad / Y ahora que he soltado mi grito / No me siento menos triste / Que cantar no se lleva el dolor. / Pues mi canto no cambia el destino / De vivir en desatino / Yo, la vida y este amor. / Quise vivir un amor casi inmortal / Que no me llevase al mal / Tener tamaño corazón. / Fui amada en la ilusión de quien no lo era / Tal vez por quien tanto diera / Sin saber que era en vano / Y mi pecado es creer aún / Que es posible querer y amar / Dando oídos a la razón. / Si el amor es loco, como dicen por ahí, / Yo que a mí siempre me mentí, / Voy a escuchar a mi corazón.

De quem dá

O meu amor / Tem o cheiro da vida / Tem a forma mais querida / De me querer. / O meu amor / Tem um rasgo de entrega / De quem dá e não nega / Só amor. / O meu amor / É tudo o que eu sempre quis / Quando quis ser feliz / E não fui. / E agora sou / Sem esperar ou querer / Por na vida, / Um amor, agora ter. / O meu amor / Bateu na porta esquecida / Por onde eu andei perdida / Sem razão, o meu amor troxe de volta ao meu dia / Carinhos que eu não sabia / Serem meus. / Ai amor / Mais vida que a própria vida / Mais sangue que o próprio sangue / Que nos faz vibrar / Que mata a fome / Que arde em nós / De na vida / Sermos muito menos sós. / O meu amor / Plantou raízes na esperança / De me apagar da lembrança / Tanta dor. / E foi de amor / Que me falou beijo a beijo / Murmírios do meu desejo / De mulher. / E é o amor / Que vem dizer a quem sente / Que a vida nem sempre mente / Que ainda há amor.

 

Mi amor / Tiene el aroma de la vida / Tiene la forma más querida / De mi querer. / Mi amor / Tiene la energía de la entrega / De quien da y no niega / Sólo amor. / Mi amor / Es todo lo que yo siempre quise / Cuando quise ser feliz / Y no lo fui. / Y ahora soy / Sin esperar o querer / Poniendo en la vida / Un amor que ahora tengo. / Mi amor / Llamó a la puerta olvidada / Por donde yo estaba perdida / Sin razón, mi amor trajo de vuelta a mi día / Cariños que yo no sabía / Que eran míos. / Ay amor / Más vida que la propia vida / Más sangre que la propia sangre / Que nos hace vibrar / Que mata el hambre / Que arde en nosotros / Que hace que en la vida / Estemos menos solos. / Mi amor / Plantó raíces en la esperanza / Me concede apagar de mi recuerdo / Tanto dolor. / Y fue del amor / que me habló beso a beso / Murmullos de mi deseo / De mujer. Y es el amor / Quien viene a decirle a quien siente / Que la vida no siempre miente / Que aún hay amor.

O sol chama por mim

Abri minha janela e era dia / Já alto vi o sol que me chamava / Dizendo-me que a noite que em mim via / Por fim, já consumira o que bastava. / Que é já tempo de ir p'ra rua / Mas ir com alma nua / Que é dia e o sol chama por mim. / P'ra ir cantando / P'la rua fora / Um novo fado de alegria / Sem demora / Que o tempo é pouco p'ra se dizer / Que já é hora / Mas é hora de viver. / Despi o manto negro da tristeza / Das noites que cantei p'ra não chorar / E ergui este meu canto à beleza / Do tanto que ainda tenho p'ra sonhar / Não me digam que morri / Pois eu nunca esqueci / Que é dia e o sol chama por mim.

 

Abrí mi ventana y era de día / Ya vi alto el sol que me llamaba / Diciéndome que la noche que en mi había / Por fin, ya había consumido lo que quedaba. / Que ya es momento de ir a la calle / Pero ir con el alma desnuda / Que es de día y el sol me llama / Para ir cantando / Por la calle / Un nuevo fado de alegría / Sin demora / Que el tiempo es poco para decirse / Que ya es hora / Pero es hora de vivir. / Me quité el manto negro de la tristeza / De las noches que canté por no llorar / Y erguí este canto mío a la belleza / De tanto que aún tengo para soñar / No me digan que morí / Pues yo nunca olvidé / Que es de día y que el sol me llama.

Talvez se chame saudade

Este doce recordar / Que amargamente me invade / Talvez que não tenha nome / Talvez se chame saudade. / Vem da guitarra ao meu peito / E cantando vai seu pranto / Talvez se chame saudade / O que chora no meu canto. / Embora na alma doa / Talvez se chame saudade / O que em nós de longe ecoa / Doutros tempos doutra idade. / Talvez se chame saudade / A voz que a guitarra ecoa / Pungente suavidade / Que faz vibrar mas magoa. / A guitarra e a saudade / Têm a mesma raíz / São da beirinha do mar / Da alma do meu país. / Que alma do meu país / Talvez se chame saudade.

 Este dulce recordar / Que amargamente me invade / Tal vez no tenga nombre / Tal vez se llame saudade. Viene de la guitarra a mi pecho / Y va cantando su llanto / Tal vez se llame saudade / Lo que llora en mi canto. / Aunque el alma duela / Tal vez se llame saudade / Lo que en nosotros desde lejos resuena / De otros tiempos y otra edad. / Tal vez se llame saudade / La voz que la guitarra remarca / Dolorosa suavidad / Que hace vibrar más amargura. / La guitarra y la saudade / Tienen la misma raíz / Son de la orilla del mar / De la alma de mi país / Que el alma de mi país / Tal vez se llame saudade.

Serás sempre Lisboa

Tens sempre na ponta da língua / Resposta p'ra tudo / Com teu ar certeiro / Tens esse grito que ecoa / E nunca magoa / Por ser verdadeiro / Tens nas varinas a raça / E no gingar a pirraça / Pois pode o tempo passar / Serás sempre Lisboa. / Ai, Lisboa / Ai, tão bela / Tens a Graça por janela / De onde vejo o quanto tenho para amar. / E vou correndo até ao rio / Pelo caminho beijo a Sé / Chego a Alfama em desvario / Porque é maior a minha fé / E canto, canto, canto / Ao fado, a Lisboa, à minha vida. / Tens esse jeito dos simples / Que à hora da janta / Cabe sempre mais um / E abres os braços aos outros / Dizendo: "São loucos. / Não é favor nehum" / E até das brigas de amor / Dizes que são do calor / Que te alimenta o sentir / Que te faz ser Lisboa. /  Ai, Lisboa / Ai, tão bela / Tens a Graça por janela / Que aos amantes dá motivo p'ra sonhar / Talvez a marcha já não passe / E a boémia está esquecida / E haja mesmo quem arraste / Esta Lisboa qual vencida / E eu canto, canto, canto / Ao fado, a Lisboa, à minha vida.

 

Tienes siempre en la punta de la lengua / Respuesta para todo / Con tu aire certero / Tienes ese grito que resuena / Y nunca daña / Por ser verdadero / Tienes en las pescaderas la raza / Y en tu bambolear las bromas / Pues puede el tiempo pasar / Serás siempre Lisboa. / Ay, Lisboa / Ay, tan bella / Tienes a Gracia por ventana / Desde donde veo todo lo que tengo para amar. / Y voy corriendo hasta el río / Por el camino beso la catedral / Llego a Alfama en desvarío / Porque es mayor mi fe / Y canto, canto, canto / Al fado, a Lisboa, a mi vida. / Tienes ese ademán de los sencillos / Que a la hora de la comida / Siempre acoge a uno más / Y abres os brazos a los otros / Diciendo: Están locos / No es ningún favor" / Y hasta en las disputas de amor / Dices que son de calor / Que te alimenta el sentir / Que te hace ser Lisboa. / Ay, Lisboa / Ay, tan bella / Tienes a Gracia por ventana / Que da a los amantes motivo para soñar / Tal vez la procesión ya no pase / Y la bohemia esté olvidada / Y haya incluso quien arrastre / A esta Lisboa como vencida / Y yo canto, canto, canto / Al fado, a Lisboa, a mi vida.

Porque as marés são mais calmas

Há um motivo qualquer / P'ar eu me erguer deste nada / Uma razão de viver / Numa estrada inacabada. / Há um sentido qualquer / No meu sentir mais profundo / Que é o de ser só mulher / A todo e cada segundo. / Há uma força qualquer / Talvez um amor sem fronteira / E a dor que a vida me der / Não vai por fim à fogueira. / E em todo o brilho da vida / No canto e encanto das almas / Eu vou ser vos renascisda / Porque as marés são mais calmas.

   

Hay un motivo cualquiera / Para que yo me yerga de esta nada / Una razón para vivir / En una calle inacabada. / Hay un sentido cualquiera / En mi sentir más profundo / Que es el de ser sólo mujer / En todo y cada segundo. / Hay una fuerza cualquiera / Tal vez un amor sin frontera / Y el dolor que la vida me dé / No va por fin a la hoguera. Y en todo el brillo de la vida / En el canto y encanto de las almas / Yo os voy a ser renacida / Porque las mareas están más calmas.

Contra ventos e marés

Hei-de cantar o meu fado / Pelo mundo lés-a-lés / Coração ao povo dado / Contra ventos e marés. / Só o fado canta saudade / Na sua voz mais sentida / Tembém canta liberdade / De ser gente nesta vida / Cantando às vezes tristeza / Mágoa de sede sem fonte / Foi nos mares da incerteza / Asa febril de horizonte. / Se o fado, se é fado inteiro / Fado antigo ou fado novo / Deste país marinheiro / Canta a alma deste povo / Minha terra que eu nem sei / Ó tanto que tanto és / Ao fado te cantarei / Contra ventos e marés.

 

He de cantar mi fado / De un extremo al otro del mundo / Corazón al pueblo dado / Contra vientos y mareas. / Sólo el fado canta saudade / En su voz más sentida / También canta libertad / De ser gente en esta vida / Cantando a veces tristeza / Pena de sed sin fuente / Fue en los mares de la incerteza / Ala febril del horizonte. / Si el fado, si el fado entero / Fado antiguo o fado nuevo / De este país marinero / Canta el alma de este pueblo / Mi tierra que yo ni conozco / Da tanta y tanta como es / Al fado te cantaré / Contra vientos y mareas.

Esta voz que me atravessa (2001)

1. Esta voz que me atravessa

2. O instante dos sentidos

3. De não saber ser loucura

4. Coisa assim

5. Este silêncio que me corta

6. Até logo, meu amor

7. Não há Fado que te resista

8. Lusitana

9. Há noite aqui

10. Ai do vento

11. Ora vai

12. A casa e o mundo

Esta voz que me atravessa

Esta voz que me atravessa / Sem que eu queira, sem que eu peça / Não mora dentro de mim / Vive na sombra a meu lado / Dando ao meu fado outro fado / Que me faz cantar assim / Trago cravado no peito / Um resto de amor desfeito / Que quando eu canto me dói / Que me deixa a voz em ferida / Pelo pranto de outra vida / Que eu não sei que vida foi / E quando canto há quem diga / Que esta voz de rapariga / É mais antiga do que eu / Estava aqui à minha espera / Não morreu com a Severa / Quando a Severa morreu! / Estava aqui à minha espera / Não morreu com a Severa / Quando a Severa morreu

 

Esta voz que me atraviesa / Sin que yo lo quiera, sin que yo lo pida / No vive dentro de mí / Vive en la sombra a mi lado / Dando a mi fado otro fado / Que me hace cantar así / Traigo clavado en el pecho / Un resto de amor deshecho / Que cuando canto me duele / Que me deja la voz herida / Por el llanto de otra vida / Que no sé qué vida fue / Y cuando canto hay quien diga / Que esta voz de muchacha / Es más antigua que yo / Estaba aquí a mi espera / No se murió con la Severa / Cuando la Severa murió / Estaba aquí a mi espera / No se murió con la Severa / Cuando la Severa murió

O instante dos sentidos

Aqui mora o instante dos sentidos / Aqui somos momento abençoado / Em que a vida revela a cada ouvido / Um sentido que nos sabe mais a fado / Aqui cada palavra é oração / É reza da coragem de sentir / O quanto é divino o coração / Que agora faz chorar, logo mais rir / E, que nunca em nós este condão / Que nos transforma a alma poesia / Varina, no eterno de um pregão / Assim como é eterna a maresia / Aqui cantando ao fado despertamos / Novo corpo, nova alma nesta hora / Brindando em cada copo que tomamos / A vida que acontece aqui e agora / Aqui se acordam notas que mantêm / A rima entre a dor e alegria / Pois se ontem houve fado e hoje há também / É porque o fado vem do dia-a-dia

  

Aquí vive el instante de los sentidos / Aquí somos momento bendito / En que la vida rebela a cada oído / Un sentido que nos sabe más a fado / Aquí cada palabra es oración / Es oración del coraje de sentir / Cuanto es divino el corazón / Que ahora hace llorar, luego reír más / Y, que nunca en nosotros este don / Que nos transforma el alma en poesía / Pescadera en un eterno pregón / Así como es eterna la marejada / Aquí cantando al fado despertamos / Nuevo cuerpo, nueva alma en esta hora / Brindando en cada vaso que tomamos / La vida que sucede aquí y ahora / Aquí se despiertan notas que mantienen / La rima entre el dolor y la alegría / Pues si ayer hubo fado y hoy también / es porque el fado viene de día en día

De não saber ser locura

Vou desvendando sentidos / P´ra descobrir o que é meu / Será que os dias vividos / Me vão dizer quem sou eu / Vou desbravando este nada / Eterna em mim a procura / Já tenho a alma cansada / De não saber ser loucura / Vou numa ânsia de morte / Correr aquilo que sou / Quem sabe se um dia a sorte / Não me dirá ao que vou / E se chegar, não sei onde / Ao onde vou perguntar / Se o que dentro em mim se esconde / É p´ra esquecer ou ficar

 

Voy desvelando sentidos / Para descubrir lo que es mío / Será que los días vividos / Me van a decir quién soy yo / Voy amansando esta nada / Eterna en mí la búsqueda / Ya tengo el alma cansada / Por no saber ser locura / Voy en un ansia de muerte / Transcurre aquello que soy / Quién sabe si un día la suerte / No me dirá a lo que voy / Y si llegara, no sé dónde / Donde voy a preguntar / Si lo que dentro de mí se esconde / Es para olvidar o quedarse

Coisa assim

S'eu morrer de amor por ti / Ai leva-me a enterrar / Dentro daquela careta / Que fizeste numa hora / Em que me estavas a olhar / E a rir te foste embora / E eu quase vi o meu fim / Se eu morrer ou coisa assim / Faz desse riso um cantar / Para te lembrares de mim / Neste corpo dimensão / Que volume tem a crença / Qual a forma da diferença / A altura da paixão / A medida do valor / A largura da razão / A proporção do amor / Qual o tamanho do medo / A geometria da mão / O que é que nos mede a dor / Disse-te adeus quem diria / Eu até nem dei por nada / E digo mais nem sabia / De história tão mal contada / Nem mentira nem verdade / Mas como é que isto se sente / É como se o tempo um dia / Descobrisse a realidade / E aprendesse de repente / A ficar eternidade

 

Si yo muriera de amor por ti / Ay, llévame a enterrar / Dentro de aquella careta / Que hiciste en una hora / Mientras me estabas mirando / Y te fuiste lejos a reír / Y yo casi vi mi fin / Si muriera o algo así / Haz de esa risa un cantar / Para que te acuerdes de mí / En este cuerpo dimensión / Qué volumen tiene la creencia / Como la forma de la diferencia / La altura de la pasión / La medida del valor / La largura de la razón / La proporción del amor / Como el tamaño del miedo / La geometría de la mano / Que es lo que nos mide el dolor / Te dije adiós, quién diría / Yo ni me di cuenta de nada / Y digo más, ni sabía / De esa historia tan mal contada / Ni mentira ni verdad / Pero cómo es que esto se siente / Y como si el tiempo un día / Descubriese la realidad / Y aprendiese de memoria / A quedarse en eternidad

Este silencio que me corta

Não tenho nem vergonha nem pudores / Da lágrima sincera que me embarga / É sal de que alimento os meus amores / E rio que afoga a pena mais amarga / Num mar que é de revolta e de calmia / Navega assim a vida em todos nós / Porquê fugir à dor e à nostalgia / São ondas descobrindo a nossa voz / Não quero este silêncio que me corta / Que enfrento de sentidos acordados / Não quero a indiferença, a alma morta / Às quais assim andamos condenados / Não quero ser o drama insatisfeito / De quem não esteve ali p´ra não sofrer / Morrer por algo, ainda que imperfeito / É tudo quanto basta ao meu viver / Não tenho ainda o medo de acordar / Mas sinto já a pressa dos mortais / Que sonham ser eternos ao amar / E temem não ter tempo de dar mais

 

No tengo ni vergüenza ni pudores / De la lágrima sincera que me embarga / De la sal que alimento mis amores / Del río que ahoga la pena más amarga / En un mar que es de revueltas y de bonanza / Navega así la vida en todos nosotros / Porque huir del dolor y la nostalgia / Son olas descubriendo nuestra voz / No quiero este silencio que me corta / Que enfrento de sentidos despiertos / No quiero la indiferencia, el alma muerta / A las cuales andamos, así, condenados / No quiero ser el drama insatisfecho / De quien no estuvo allí para no sufrir / Morir por algo, aunque sea imperfecto / Es todo cuanto le basta a mi vivir / No tengo aún el miedo de despertar / Pero siento ya la prisa de los mortales / Que sueñan ser eternos al amar / Y temen no tener tiempo de dar más

Até logo, meu amor

Ando cansada das horas que não vivo / De calar dentro de mim a solidão / Das promessas e demoras sem motivo / E de sempre dizer sim em vez de não / Morro em cada despedida ao abandono / Paro o tempo à tua espera nos desejos / A estação da minha vida é o Outono / Não existe primavera sem teus beijos / Ergo a minha voz aos céus teimosamente / E depois deste meu rogo ao Deus Senhor / Não sei se te diga adeus ou, simplesmente / Deva dizer-te até logo, meu amor

 

Estoy cansada de las horas que no vivo / De callar dentro de mí la soledad / De las promesas y las horas sin motivo / Y de decir siempre sí en vez de no / Muero en cada despedida al abandono / Paro el tiempo a tu espera en los deseos / La estación de mi vida es el otoño / No existe la primavera sin tus besos / Elevo mi voz a los cielos obstinadamente / Y después de este ruego mío a Dios Señor / No sé si decirte adiós o, simplemente / Deba decirte: hasta luego, mi amor

Não há fado que te resista

Como eu gostava de ser saudade / Para estar sempre à tua beira / Como eu gostava de ser tristeza / Como eu gostava de ser tristeza / Atrás de ti a vida inteira / Cantando assim eu canto o fado / Cantando ao fado canto por ti / Eu já não sei estar a teu lado / Eu já não sei estar a teu lado / Já és um fado já estás em mim / E se há um medo que não se entende / Se há uma sombra que não se vê / Tu és fado que me defende / E a quem me entrego e eu sei porquê / Pode a malícia ser tão fadista / Quando te vejo penso que sim / E não há fado que te resista / E não há fado que te resista / Quando tu olhas assim pr'a mim / Cantando assim eu vou morrendo / E ao morrer eu sinto em mim / Que até o fado gosta de ter / Que até o fado gosta de ter / Amor que o oiça e o saiba ver

 

Cómo me gustaba ser saudade / Para estar siempre a tu vera / Cómo me gustaba ser tristeza / Cómo me gustaba ser tristeza / Detrás de ti la vida entera / Cantando así yo canto el fado / cantando fado canto por ti / Yo ya no sé estar a tu lado / Yo ya no sé estar a tu lado / Ya eres un fado, ya estás en mí / Y si hay un miedo que no se entiende / Si hay una sombra que no se ve / Tú eres el fado que me defiende / Y es a quien me entrego y yo sé por qué / Puede la malicia ser tan fadista / Cuando te veo pienso que sí / Y no hay fado que te resista / Y no hay fado que te resista / Cuando tú miras así hacia mí / Cantando así yo voy muriendo / Y al morir yo siento en mí / Que hasta al fado le gusta tener / Que hasta al fado le gusta tener / Amor que lo escuche y los sepa ver

Lusitania

Doce e salgada / Ó minha amada / Ó minha ideia / Faz-me grego e romano / Tu gingas à africano / Como a sereia / Ó bailarina / Ó columbina / És a nossa predilecta / De prosadores e poetas / Dos visionários / Quem te vê ama de vez / Nómadas e sedentários / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português / Doce e salgada / Ó minha amada / Das epopeias / Tu és toda em latim / E a mais mulata sim / Das europeias / Ó bailarina / Ó columbina / Do profano matrimónio / "nas andanças do demónio" / Bela e roliça / Ai dança a chula requebrada / A minha canção é mestiça / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português / Teu génio meigo e profundo / É deste tamanho do mundo / Sentimental como eu / Dois corações pagãos / São de apolo e de orfeu / Guarda-nos bem fraternais / No teu chão / No teu colo / De sonhos universais / És o nosso almirante / Terna mãe de crioulos / Cuida da nossa alma errante / Nós só queremos teu consolo / Doce e salgada / Ó minha amada / Da companhia / És um caso bicudo / Tu és o-mais-que-tudo / Da confraria / Ó bailarina / Ó columbina / Tu és a nossa doidice / Meiga "amante de meiguices" / Eu te proclamo / Quem te vê ama de vez / E a verdade é que eu te amo / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português.

Dulce y salada / Ay, mi amada / Ay, mi idea / Hazme griego y romano / Tú remas como africano / Como la sirena / Ay, bailarina / Ay, colombina / Eres nuestra predilecta / De prosistas y poetas / De visionarios / Quien te ve te ama de una vez / Nómadas y sedentarios / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués / Dulce y salada / Ay, mi amada / De las epopeyas / Tú estás toda en latín / Y la más mulata, sí / De las europeas / Ay, bailarina / Ay, colombina / De profano matrimonio / en las andanzas del demonio / Bella y lustrosa / Ay, baila una danza requebrada / Mi canción es mestiza / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués / Tu genio tierno y profundo / Eres del tamaño del mundo / Sentimental como yo / Dos corazones paganos / Son de Apolo y de Orfeo / Guárdanos bien afectuosos / En tu suelo / En tu regazo / de sueños universales / Eres nuestro almirante / Tierna madre de criollos / Cuida de nuestra alma errante / Nosotros sólo queremos tu consuelo / Dulce y salada / Ay, mi amada / De la compañía / Eres un caso complejo / Tú eres el más-que-todo / De la hermandad / Ay, bailarina / Ay, colombina / Tú eres nuestra locura / Tierna amante de ternuras / Yo te proclamo / Quien te ve te ama de una vez / Y la verdad es que yo te amo / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués

Há noite aqui

Escutem os ecos da noite / Onde o que é fado acontece / Nas mil palavras, olhares / Nos mil desejos, esgares / De quem mil mágoas padece / Escutem vestígios do medo / No riso inquieto e sozinho / E que diz muito em segredo: / de noite é sempre tão cedo / Aonde estás tu, carinho? / E cada copo é revolta / E cada trago é um grito / Súplica de alguém aflito / Num bar com um copo à solta / Vai-se bebendo o incerto / E tudo mais, tudo mais é deserto / Escutem as pragas de quem / Vai mendigando atenção / Dorme nos bancos que moem / Por muito louco que o tomem / Loucura tem seu perdão / Escutem os sons que balançam / Soam mais alto e tão forte / Mas já as horas avançam / E as poucas palavras se cansam / Já ninguém há que se importe

 

Escuchen los ecos de la noche / Donde lo que es fado sucede / En las mil palabras, miradas / En los mil deseos, gestos / De quien mil dolores padece / Escuchen vestigios del miedo / En la risa inquieta y sola / Que dice tan en secreto: / De noche es siempre tan temprano / ¿Dónde estás tú, cariño? / Cada vaso es una revuelta / Y cada trago es un grito / Súplica de alguien afligido / En un bar con un vaso en libertad / Se va bebiendo lo incierto / Y todo lo demás, todo lo demás es desierto / Escuchen las imprecaciones de quien / Va suplicando atención / Duerme en los bancos que afligen / Aunque lo tomen por loco / La locura tiene su perdón / Escuchen los sueños que oscilan / Suenan más alto y más fuerte / Pero ya avanzan las horas / Y las pocas palabras se cansan / Ya no hay a quién le importe

Ai do vento

São as saudades que nos trazem as tristezas / É o passado que nos dá nostalgia / E é o mar, que tem sempre as marés presas / Àquela praia onde inventámos a alegria / São os meus olhos que não guardam o cansaço / De querer sempre, sempre amar até ao fim / E toda a vida é um poema que não faço / Que se pressente na paixão que trago em mim / Ai do vento, ai do vento / Que transparece lamentos / Da minha voz sem te ver / Ai do mar, seja qual for / Que me recorda um amor / E não mo deixa esquecer / É sempre calma, ou quase sempre a despedida / É sempre breve, ou quase sempre, a solidão / E é esta calma que destrói a nossa vida / E nada é breve nas coisas do coração / Ai do vento, ai do mar e tudo o mais / Que assim me arrasta e que me faz viver na margem / De um rio grande onde navegam os meus ais / E onde a vida não é mais que uma viagem

 

Son las saudades que nos traen tristeza / Es el pasado que nos da nostalgia / Y es el mar, que tiene siempre las mareas presas / Aquella playa en que inventamos la alegría / Son mis ojos que no guardan el cansancio / De querer siempre, siempre amar hasta el fin / Y toda la vida es un poema que no hago / Que se presenta en la pasión que traigo en mí / Ay del viento, ay del viento / Que transmite lamentos / De mi voz que no te ve / Ay del mar, sea el que sea / Que me recuerda un amor / Y no me deja olvidar / Es siempre tranquila, o casi siempre, la despedida / Es siempre breve, o casi siempre, la soledad / Y es esta calma la que destruye nuestra vida / Y nada es breve en las cosas del corazón / Ay del viento, ay del mar y de todo lo demás / Que me arrastra así y me hace vivir en la orilla / De un río grande por donde navegan mis ays / Y donde la vida no es más que un viaje

Ora vai

Quem põe o pé na rua, manhãzinha / Tropeça após um curto passo dado / Na estafa que nos dá esta vidinha / Que corre, sabe Deus para que lado / E logo é ver quem vai mais apressado / Veloz, que o autocarro passa cheio / E sempre o fim do mês chega atrasado / Ao bolso que já está menos de meio / O homem do quiosque dos jornais / Não fia nem noticias nem bons dias / Que o pouco que hoje leu já é demais / E há muito que não vai em lotarias / O crime vai mudando de estatuto / Vagueia entre o temido e o banal / Enquanto não nos toca ele é só furto / Assim que nos ataca ele é fatal / Lá p'ro meio do dia em vez da sesta / Almoça-se de pé e é se tanto / Tentando que o minuto que nos resta / Possa ainda esticar p´ra ir ao banco / Não sei se é uma bênção ou ironia / Ouvir ao fim do dia alguém dizer / A frase apressada e fugidia: / "Então até amanha se Deus quiser"!

 

Quien pone el pie en la calle de mañanita / tropieza después de haber dado un paso / En la estafa que nos da esta vidita / Que corre, sabe Dios, para qué lado / Y luego al ver quien va más apresurado / Veloz porque el autobús pasa lleno / Y siempre el fin de mes llega atrasado / Al bolso que ya está a menos de la mitad / El hombre del quiosco de periódicos / No fía ni las noticias ni los buenos días / Que lo poco que hoy leyó es ya demasiado / Y hace mucho que no juega a la lotería / El crimen va cambiando de estatuto / Deambula entre lo temido y lo banal / Mientras no nos toca es sólo hurto / Pero cuando nos toca es algo fatal / Y ya hacia el medio día en vez de siesta / Se almuerza de pie en el mejor de los casos / Intentando que el minuto que nos queda / Pueda aún alargar para ir al banco / No sé si es una bendición o una ironía / Oír al fin de del día decir a alguien / La frase retenida y huidiza: / ¡Entonces hasta mañana si Dios quiere!

A casa e o mundo

Não me basta esta areia / Não me basta esta onda / Não me basta esta praia / Não me basta este mar / Estão já os meus olhos tão longe / Longe tão longe do adeus / Quem sabe até se sou eu / Que já estou pr'a lá do mar / Que já estou pr'a lá dos céus / Quem dera que os meus olhos fossem asa / E ser gaivota que no céu parada / Olhando o cais / Vê nele o mundo, vê nele a casa / E só sente, ao partir, que é madrugada / Quantas vezes largaram / Do meu peito os navios / Se fiquei ou parti / Nem sei bem, pois andei / Sempre à volta de uma casa / Tão longe e perto daqui / Não é terra de habitar / É espaço sem ter lugar / Que eu gostava de encontrar

 

No me basta esta arena / No me basta esta ola / No me basta esa playa / No me basta este mar / Están ya mis ojos tan lejos / Lejos, tan lejos del adiós / Quién sabe incluso si soy yo / Quien ya estoy junto al mar / Quien ya estoy junto a los cielos / Ojalá mis ojos fueran alas / Y ser gaviota que en el cielo detenida / Mirando hacia el puerto / Ve en él el mundo, ve en él la casa / Y sólo siente, al partir, que es madrugada / Cuantas veces zarparon / De mi pecho los navíos / Si me quedé o partí / No lo sé bien, pues estuve / Siempre regresando a una casa / Tan lejos y cerca de aquí / No hay tierra para habitar / Hay un espacio sin lugar / Que me gustaría encontrar

Encantamento (2003)

1. Pode lá ser

2. As fontes

3. Porque não oiço no ar

4. Fado Arnauth

5. Ó voz da minh'alma

6. Cavalo à solta

7. Eu venho

8. Trova escondida

9. Canção

10. Da palma da minha mão

11. Sem limite

12. No teu poema

13. É sempre cedo

14. Bendito Fado, bendita gente

Pode lá ser

Troca esse fado, dá a volta à alma / E faz um canto menos só / Troca essa dor por algo melhor / Mesmo que seja em tom menor / Sacode o medo / Que trazes preso à alma / E atrasa o teu andar / Tens onde ir que esse teu canto / Ainda tem tanto para dar / Pode até ser / Um dia sem sol e a noite sem lua / Mas Lisboa sem o Tejo fica nua / Podem dizer / Que o fado perdeu a cor dos seus pais / Mas o fado, meu país, não morre mais / Será defeito / Não ter o jeito ou por feitio / Fugir da tradição / Será tão diferente? Quando se sente / Só tem voz o coração / Canto outra história / Faço a memória à minha medida / Mas tudo é tão igual / Que importa o tempo, se é sentimento / Senhores, é tudo Portugal

  

Cambia ese fado, da la vuelta al alma / Y haz un canto menos solo / Cambia ese dolor por algo mejor / Aunque sea en tono menor / Sacude el miedo / Que traes prendido al alma / Y demora tu caminar / Tienes donde ir porque ese canto tuyo / Aún tiene mucho para dar / Puede hasta existir / Un día sin sol y la noche sin luna / Pero Lisboa sin el Tajo se queda desnuda / Pueden decir / Que el fado perdió el color de sus padres / Pero el fado, mi país, no muere nunca / Será un defecto / No tener el encanto o por naturaleza / Huir de la tradición / ¿Será tan diferente? Cuando se siente / Sólo tiene voz el corazón / Canto otra historia / Hago la memoria a mi medida / Pero todo es tan igual / Qué importa el tiempo, si es sentimiento / Señores, todo es Portugal

As fontes

Um dia quebrarei todas as pontes / Que ligam o meu ser, vivo e total / À agitação do mundo irreal / E calma subirei até às fontes / Irei até às fontes onde mora / A plenitude, o límpido esplendor / Que me foi prometido em cada hora / E na face incompleta do amor / Irei beber a luz e o amanhecer / Irei beber a voz dessa promessa / Que às vezes como um voo me atravessa / E nela cumprirei todo o meu ser

  

Un día quebraré todos los puentes / Que unen mi ser, vivo y total / A la agitación del mundo irreal / Y tranquila subiré hasta las fuentes / Iré hasta las fuentes donde mora / La plenitus, el limpio esplendor / Que me fue prometido en cada hora / Y en el rostro incompleto del amor / Iré a beber la luz y el amanecer / Iré a beber la voz de esa promesa / Que a veces como un vuelo me atraviesa / Y en ella cumpliré todo mi ser

Porque não oiço no ar

Porque não oiço no ar a tua voz / Entre brumas e segredos escondidos / E descubro que o silêncio entre nós / São mil versos de mil cantos escondidos e sós / Porque não vejo no azul escuro da noite / Nas estrelas esse brilho que é o teu / E procuro a madrugada que me acoite / Num poema que não escrevo mas é meu / Olha o vento que se estende no caminho / E ensaia a tua dança de voar / És gaivota que só chega a fazer ninho / Quando o tempo te dá tempo para amar / Mas também se perde o tempo que se tem / P'ra gastar só quando chega a Primavera / Veste um fato de saudade amor e vem / Que é Inverno, mas eu estou à tua espera

  

Porque no oigo en el aire tu voz / Entre brumas y secretos escondidos / Y descubro que el silencio entre nosotros / Son mil versos de mil cantos escondidos y solos / Porque no veo en el azul oscuro de la noche / En las estrellas ese brillo que es el tuyo / Y busco la madrugada que me refugie / En un poema que no escribo pero es mío / Mira el viento que se extiende en el camino / Y ensaya tu danza de vuelo / Eres gaviota que sólo llega a hacer nido / Cuando el tiempo te da tiempo para amar / Pero también se pierde el tiempo que se tiene / Para gastarlo sólo cuando llega la primavera / Viste un traje de saudade, amor, y ven / Que es invierno, pero yo estoy a tu espera

Ó voz da minh'alma

Ó voz da minh'alma / Da verdade que eu nem sei / Tu és fogo, tu és calma / Tudo o que eu ainda não cantei / Ó voz que eu não sei calar / Porque tu não queres assim / Cumpre a sina de ao cantar / Mostrares tudo o que há em mim / Com carinho, dá-me a mão / Mostra que és parte de mim / Põe na voz o coração / Só faz sentido assim

  

Ay, voz de mi alma / De verdad que yo no sé / Tú eres fuego, tú eres calma / Todo lo que aún no canté / Ay voz que no sé callar / Porque tú no lo quieres así / Cumple el destino de que al cantar / Muestres todo lo que hay en mí / Con cariño, dame la mano / Muestra que eres parte de mí / Pon en la voz el corazón / Sólo tiene sentido así

Minha laranja amarga e doce / Meu poema feito de gomos de saudade / Minha pena pesada e leve secreta e pura / Minha passagem para o breve breve instante da loucura / Minha ousadia / Meu galope / Minha rédea / Meu potro doido / Minha chama / Minha réstia de luz intensa, de voz aberta / Minha denúncia do que pensa / Do que sente a gente certa / Em ti respiro / Em ti eu provo / Por ti consigo esta força que de novo / Em ti persigo / Em ti percorro / Cavalo à solta pela margem do teu corpo / Minha alegria / Minha amargura / Minha coragem de correr contra a ternura / Minha laranja amarga e doce / Minha espada / Poema feito de dois gomos / Tudo ou nada / Por ti renego / Por ti aceito / Este corcel que não sossega / A desfilada no meu peito / Por isso digo / Canção castigo / Amêndoa travo corpo alma amante amigo / Por isso canto / Por isso digo / Alpendre casa cama arca do meu trigo / Minha alegria / Minha amargura / Minha coragem de correr contra a ternura

  

Mi naranja amarga y dulce / Mi poema hecho de gajos de saudade / Mi pena pesada y leve, secreta y pura / Mi billete para el breve, breve instante de locura / Mi osadía / Mi galope / Mi rienda / Mi potro dolorido / Mi llama / Mi haz de luz intensa, de voz abierta / Mi denuncia de lo que piensa / De lo que siente la gente cierta / En ti respiro / En ti pruebo / Por ti consigo esta fuerza que de nuevo / En ti persigo / En ti recorro / Caballo libre por el margen de tu cuerpo / Mi alegría / Mi amargura / Mi coraje de correr contra la ternura / Mi naranja amarga y dulce / Mi espada / Mi poema hecho de dos gajos / Todo o nada / Por ti reniego / Por ti acepto / Este corcel que no sosiega / La marcha sobre mi pecho / Por eso digo / Canción castigo / Almendra amargor cuerpo alma amante amigo / Por eso canto / Por eso digo / Porche casa cama arca de mi trigo / Mi alegría / Mi amargura / Mi coraje de correr contra la ternura

Cavalo à solta

Eu venho

Eu venho da força da maré / Eu venho do todo da canção / E como eu não sei o todo que é / E há em mim, eu só vim / Eu nome do coração / Eu venho do sal de quem chorou / Tempero da alma que se dá / Ah vida vivida, sou quem sou, só por ti / Só eu sei tudo o que eu já sofri / E se eu não quiser mais viver / Rouba-me o chão mais uma vez / Que eu hei-de aprender / Que não pode escolher / Quem nasceu da força da maré / Eu venho do riso incontrolado / Dos loucos que amam sem porquê / Que eu ando com a sorte lado a lado / E onde eu for / Há-de ir sempre o meu fado / Eu venho do fogo e do feitiço / Que agita este mar que me dá vida / Desfaço a razão e o compromisso / Em pedaços / Ai de mim / Porque hei-de eu ser assim?

  

Yo vengo de la fuerza de la marea / Yo vengo del todo de la canción / Y como yo no sé qué es el todo / Y qué hay en mí, yo sólo vine / Yo, nombre del corazón / Yo vengo de la sal de quien lloró / Remedio del alma que se entrega / Ay, vida vivida, soy quien soy, sólo por ti / Sólo yo sé todo lo que ya sufrí / Y si yo no quisiese vivir más / Róbame el suelo una vez más / Que yo aprenderé / Que no puede escoger / Quien nació de la fuerza de la marea / Yo vengo de la risa incontrolada / de los locos que aman sin porqué / Que yo ando con la suerte de lado a lado / Y donde yo fuera / Habrá de ir siempre mi fado / Yo vengo del fuego y del hechizo / Que agita este mar que me da vida / Deshago la razón y el compromiso / En pedazos / Ay de mí / ¿Por qué he de ser así?

Trova escondida

Trago nos dedos / O meu destino / De um mundo por tocar / Dos meus segredos, ao meu caminho / Um tempo por contar / Nota por corda / Corda por dedo / Assim se faz magia / Ai, meu amor, acorda cedo / Vê o nascer do dia / Trova esquecida / No pensamento / Volta de novo à vida / Põe na palavra teu movimento / Deixa-te ir à deriva / Quando te abraço / Fujo do espaço / Que prende a alma ao chão / Mato a tristeza, nego o cansaço / Tudo na minha mão

   

Traigo en los dedos / Mi destino / De un mundo por tocar / De mis secretos, a mi camino / Un tiempo por contar / Nota por cuerda / Cuerda por dedo / Así se hace magia / Ay, mi amor, despierta pronto / mira el nacer del día / Trova olvidada / En el pensamiento / Vuelve de nuevo a la vida / Pon en la palabra tu movimiento / Déjate ir a la deriva / Cuando te abrazo / huyo del espacio / Que prende el alma al suelo / Mato la tristeza, niego el cansancio / Todo en mi mano

Canção

Pelos que andaram no amor / Amarrados ao desejo / De conquistar a verdade / Nos movimentos de um beijo / Pelos que arderam na chama / Da ilusão de vencer / E ficaram nas ruinas / Do seu falhado heroísmo / Tentando ainda viver! / Pela ambição que perturba / E arrasta os homens à Guerra / De resultados fatais! / Pelas lágrimas serenas / Dos que não sabem sorrir / E resignados, suicidam / Seus humaníssimos ais! / Pelo mistério subtil / Imponderável, divino / De um silêncio, de uma flor! / Pela beleza que eu amo / E o meu olhar adivinha / Por tudo o que a vida encerra / E a morte sabe guardar / Bendito seja o destino / Que Deus tem para nos dar!

  

Por los que anduvieron en el amor / Amarrados al deseo / De conquistar la verdad / En los movimientos de un beso / Por los que ardieron en la llama / De la ilusión de vencer / Y se quedaron en las ruinas / De su fallado heroísmo / ¡Intentando aún vivir! / Por la ambición que perturba / Y arrastra a los hombres a la guerra / ¡De resultados fatales! / Por las lágrimas serenas / De los que no saben sonreír / Y resignados suicidan / ¡Sus humanísimos ays! / Por el misterio sutil / Imponderable, divino / De un silencio, de una flor / Por la belleza que amo / Y mi mirada adivino / Por todo lo que la vida encierra / Y la muerte sabe guardar / Bendito sea el destino / Que Dios tiene para darnos

Da palma da minha mão

Desfiz num rasto de chuva / Que me invadiu por inteiro / E deslizou p'lo meu rosto / Um quase sumo de uva / Um ébrio som, feiticeiro / Que me embalava o desgosto / Então amei sem medida / Este condão de chorar / A morte de uma ilusão / Abri meus olhos à vida / Joguei as penas ao mar / Lavei o meu coração / Desfiz as grades dos medos / De amar além da razão / De ser virtude ou pecado / Irei cumprir meus segredos / Que a palma da minha mão / Tem muito sonho guardado

  

Deshice en un rastro de lluvia / Que me invadió por entero / Y deslizó por mi rostro / Un casi zumo de uva / Un ebrio son, hechicero / Que me acunaba el disgusto / Entonces amé sin medida / Este don de llorar / La muerte de una ilusión / Abrí mis ojos a la vida / Balanceé mis penas al mar / Lavé mi corazón / Deshice las rejas del miedo / De amar más allá de la razón / De ser virtud o pecado / Iré a cumplir mis secretos / Que la palma de mi mano / Tiene mucho sueño guardado

Sem limite

Soltei a voz ao vento / Deixei o rio correr / E fiz tudo o que eu bem quis / A meu contento / E a voz correu, que o rio sou eu / E o que eu quiser, e ao que me der / “Que a vida só se dá p'ra quem se deu” / No espelho em que me vejo / Não vejo mais nem sombras, medos / Eu só vejo o que eu desejo / E habito assim, o mais de mim / Na claridade, da realidade / Que o medo, de ter medos, tem seu fim / E abri as asas / E fui voar / E fui ser tudo o que eu sempre quis / Que o meu limite / Sou eu quem traço / E eu que desfaço / Sempre que eu assim quiser

  

Solté la voz al viento / Dejé el río correr / E hice todo lo que yo bien quise / Según mis deseos / Y la voz corrió, que el río soy yo / Y lo que yo quisiese, y lo que me diese / “Que la vida sólo se da para quien se dio” / En el espejo en que me veo / No veo ni siquiera sombras, miedos / Y sólo veo lo que yo deseo / Y habito así, lo máximo de mí / En la claridad, de la realidad / Que el miedo de tener miedo tiene su fin / Y abrí las alas / Y fui a volar / Y fui a ser todo lo que siempre quise ser / Que mi límite / Soy yo quien lo trazo / Y yo quien lo deshago / Siempre que lo quiera así

No teu poema

No teu poema... existe um verso em branco e sem medida / Um corpo que respira, um céu aberto / Janela debruçada para a vida / No teu poema... existe a dor calada lá no fundo / O passo da coragem em casa escura / E aberta, uma varanda para o mundo / Existe a noite, o riso e a voz refeita à luz do dia / A festa da Senhora da Agonia e o cansaço / Do corpo que adormece em cama fria / Existe um rio, a sina de quem nasce fraco ou forte / O risco, a raiva e a luta de quem cai, ou que resiste / Que vence ou adormece antes da morte / No teu poema... existe o grito e o eco da metralha / A dor que sei de cor mas não recito / E os sonos inquietos de quem falha / No teu poema... existe um cantochão alentejano / A rua e o pregão de uma varina / E um barco assoprado a todo o pano / Existe um rio... o canto em vozes juntas, vozes certas / Canção de uma só letra e um só destino a embarcar / No cais da nova nau das descobertas / Existe um rio, a sina de quem nasce fraco ou forte / O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste / Que vence ou adormece antes da morte / No teu poema / Existe a esperança acesa atrás do muro / Existe tudo o mais que ainda me escapa / E um verso em branco à espera de futuro

  

En tu poema... existe un verso en blanco y si medida / Un cuerpo que respira, un cielo abierto / Ventana que se asoma hacia la vida / En tu poema... existe un dolor callado allá en el fondo / El paso del coraje en casa oscura / Y abierta una terraza para el mundo / Existe la noche, la risa y la voz rehecha a la luz del día / La fiesta de la Señora de la Agonía y el cansancio / Del cuerpo que se adormece en cama fría / Existe un río, el sino de quien nace débil o fuerte / El riesgo, la rabia y la lucha de quien cae o que resiste / Que vence o se adormece antes de la muerte / En tu poema... existe el grito y el eco de la metralla / El dolor que sé de memoria y no recito / Y los sueños inquietos de quien falla / En tu poema... existe un canto gregoriano del Alentejo / La calle y el pregón de una pescadera / Y un barco avanzando a toda vela / Existe un río... el canto en voces juntas, voces ciertas / Canción de una sola letra y un solo destino que embarca / En el puerto de una nueva nave de descubrimientos / Existe un río, el sino de quien nace débil o fuerte / El riesgo, la rabia y la lucha de quien cae o que resiste / Que vence o se adormece antes de la muerte / En tu poema / Existe la esperanza encendida tras un muro / Existe todo lo demás que aún me espera / Y un verso en blanco a la espera del futuro

É sempre cedo

Que lenta esta manhã que hoje descubro / Tão lenta que nem mesmo a vi chegar / Beijou este lençol com que me cubro / P'ra lenta, de mansinho me acordar / Ao vê-la, nem a lua quis ficar / Que a noite já tardava em ver o fim / Partiu, numa certeza de voltar / Sem nunca se afastar muito de mim / Então rasguei o dia sem ter medo / E nem pedi licença para amar / Acorda coração, ainda é cedo / O amor bate-te à porta e quer entrar

 

Qué lenta esta mañana que hoy descubro / Tan lenta que ni la vi llegar / Besó esta sábana con la que me cubro / Para, lenta, silenciosa, despertarme / Al verla, ni la luna quiso quedarse / Que la noche ya tardaba en ver el fin / Partió con la certeza de volver / Sin alejarse nunca mucho de mí / Entonces rasgué el día sin tener miedo / Y ni pedí permiso para amar / Despierta, corazón, aún es temprano / El amor llama a la puerta y quiere entrar

Bendito fado, bendita gente

Bendita esta forma de vida / Por mais estranha que seja / Não há outra maior... / Bendita Travessa da Palha / A de uns olhos garotos / Onde o fado é loucura / Bendita essa rosa enjeitada / Rosa branca delicada / Ou Rosinha dos limões / Bendito miúdo da Bica / Bendigo a história que fica / Do pulsar dos corações / Bendito fado / Corridinho ou compassado / Choradinho ou bem gingado / Em desgarrada singular / Bendito fado / Bendita gente / No seu estilo tão diferente / Numa fé que não desmente / A sua sina de cantar / Bendito fado, bendita gente / Bendita a saudade que trago / Que de tanto andar comigo / Atravessa a minha voz / Bendito o amor que anda em fama / Numa teia de enganos / Ou feliz, qual água que corre / Bendita rua dos meus ciúmes / Do silêncio ao desencanto / Não há rua mais bizarra / Benditas vozes que cantam / Até que a alma lhes doa / Pois foi Deus que os fez assim / Bendita velha tendinha / De uma velha Lisboa / Sempre nova e com gajê / Bendita traça calé / Carmencita linda graça / Tão bonita a tua fé / Bendito presente e passado / De mãos dadas num verso em branco / À espera de um futuro / Bendigo essas almas que andam / Uma vida à procura / De um luar que vem do céu

Bendita esta forma de vida / Por más extraña que sea / No hay otra mayor... Bendita Travessa da Palha / La de unos ojos pícaros / Donde el fado es locura / Bendita esa rosa abandonada / Rosa blanca delicada / O Rosinha de los limones / Bendito niño de la Bica / Bendigo la historia que queda / Del pulsar de los corazones / Bendito fado / Corridito o acompasado / Lloradito o bien mecido / En desgarrada singular / Bendito fado / Bendita gente / En su estilo tan diferente / Em su estilo tan diferente / En una fe que no desmiente / Su destino de cantar / Bendito, bendita gente / Bendita saudade que traigo / Que de tanto andar conmigo / Atraviesa mi voz / Bendito el amor del que se habla / En una red de engaños / O feliz como agua que corre / Benditas calles de mis celos / Del silencio al desencanto / No hay calle más extraña / Benditas voces que cantan / Hasta que el alma les duela / Pues fue Dios quien las hizo así / Bendita la vieja tasquita / De una vieja Lisboa / Siempre nueva y con gracia / Bendita trama calada / Carmencita, linda gracia / Tan bonita en tu fe / Bendito presente y pasado / Con las manos entregadas a un verso en blanco / A la espera de un futuro / Bendigo esas almas que andan / Una vida a la búsqueda / De una luz de luna que viene del cielo

Talvez se chame saudade (2005)

1. Meus lindos olhos

2. Quase imortal

3. Bendito Fado, bendita gente

4. Pode lá ser

5. Esta voz que me atravessa

6. Talvez se chame saudade

7. Serás sempre Lisboa

8. Lusitana

9. O sol chama por mim

10. As fontes

11. Cavalo à solta

12. Da palma da minha mão

13. Este silêncio que me corta

14. Coisa assim

15. Eu venho

16. Até logo, meu amor

Meus lindos olhos

En el CD  Mafalda Arnauth (1999)

Quase inmortal

En el CD Mafalda Arnauth (1999)

Bendito fado, bendita gente

En el CD Encantamento (2003)

Pode lá ser

En el CD Encantamento (2003)

Esta voz que me atravessa

En el CD Esta voz que me atravessa (2001)

Talvez se chame saudade

En el CD Mafalda Arnauth (1999)

Serás sempre Lisboa

En el CD Mafalda Arnauth (1999)

Lusitania

En el CD Esta voz que me atravessa (2001)

O sol chama por mim

En el CD Mafalda Arnauth (1999)

As fontes

En el CD Encantamento (2003)

Cavalo à solta

En el CD Encantamento (2003)

Da palma da minha mão

En el CD Encantamento (2003)

En el CD Esta voz que me atravessa (2001)

Este silêncio que me corta

En el CD Esta voz que me atravessa (2001)

Coisa assim

En el CD Esta voz que me atravessa (2001)

Até logo, meu amor

Eu venho

En el CD Encantamento (2003)

Flor de fado (2008)

1. Amor abre a janela

2. Porque é feito de alegria

3. Entre a voz e o oceano

4. O mar fala de ti

5. Povo que lavas no rio

6. Quanto mais amor

7. De tanto querer - Fado vitima

8. Flor de verde pinho

9. Porque eu não sei mentir

10. Ir contigo

11. Tinta verde

12. Agarrada ao chão

13. Quem me desata

14. Na cor do nosso sorriso

15. Por querer bem

 

Amor, abre a janela

Meu amor abre a janela / Que eu vou passar junto dela / Quando chegar à tardinha / Mas não chames pelo meu nome / Porque a saudade encontrou-me / E eu posso não estar sozinha / Prendi no peito uma flôr / Que diz mais do meu amor / Do que tristezas sem fim / Mas não venhas a correr / Que ninguém deve saber / O que tu sentes por mim / E depois não tenhas medo / Eu sei amar em segredo / E vou passar de mansinho / Sem levantar a cabeça / Para que ninguém me conheça / Tu podes não estar sozinho / Prendi no peito uma flôr / Que diz mais do meu amor / Do que tristezas sem fim / Mas não venhas a correr / Que ninguém deve saber / O que tu sentes por mim / Só quando a noite cair / É que me atrevo a subir / Para te pôr na lapela / A dor da minha saudade / Mas como o frio nos invade meu amor / Fecha a janela

 

Mi amor, abre la ventana / Que voy a pasar junto a ella / Cuando llegue la tardecita / Pero no me llames por mi nombre / Que la saudade me encontró / Y puede que yo no esté sola / Prendí en mi pecho una flor / Que dice más de mi amor / Que las tristezas sin fin / Pero no vengas corriendo / Que nadie debe saber / Lo que tú sientes por mí / Y después no tengas miedo / Yo sé amar en secreto / Y voy a pasar con sigilo / Sin levantar la cabeza / Para que nadie me conozca / Tú puedes no estar solo / Prendí en mi pecho una flor / Que dice más de mi amor / Que las tristezas sin fin / Pero no vengas corriendo / Que nadie debe saber / Lo que tú sientes por mí / Sólo cuando la noche caiga / Me atrevo yo a subir / Para ponerte en la solapa / El dolor de mi saudade / Pero como el frío nos invade, mi amor / Cierra la ventana

Porque é feito de alegia

Adoro o teu sorriso mais que a vida / Que a vida tem mais graça se sorris / Lembrando-me qua a rosa mais garrida / Por certo é a que tem melhor raíz / Adoro todo o amor que nós fizemos / Do simples riso, á roupa que despimos / Nudez não só do corpo que trazemos / Mas muito mais da alma que sentimos / E é tanto mais, meu bem, o que eu adoro / Que não me basta um céu sem horizonte / Por todo o infinito onde moro / Bendito este amor que vem da fonte / Adoro o renascer da nossa esperança / Na ânsia de fazer nova poesia / Adoro o teu sorriso de criança / Apenas porque é feito de alegria

   

Adoro tu sonrisa más que la vida / Que la vida tiene más encanto si sonríes / recordándome la rosa más colorida / Que por cierto es la que tiene mejor raíz / Adoro todo el amor que nosotros hicimos / De la simple risa hasta la ropa que desnudamos / Desnudez no sólo del cuerpo que traemos / Pero mucho más del alma que sentimos / Y es tanto más, mi bien, lo que yo adoro / Que no me basta un cielo sin horizonte / Por todo el infinito donde moro / Bendito este amor que viene de la fuente / Adoro el renacer de nuestra esperanza / En el ansia de hacer nueva poesía / Adoro tu sonrisa de criatura / Nada más que porque está hecha de alegría

 

Entre a voz e o oceano

O braço erguido no ar / A mão tocando no céu / A voz buscando o lugar / Onde a alma se escondeu / Um não sei quê que recusa / Viver sem perder o pé / Levando a palavra lusa / Nas águas do Subaé / O que ela sabe de nós e dos ventos e dos céus / Foi-lhe dito por um Deus que nasceu que da sua voz / Mas aquilo que sei dela e a minha alma acredita / É que a sua voz revela que a vida é bonita / Entre o princípio e o fim / Entre a a voz e o oceano / Fecho os olhos, caio em mim / E só depois cai o pano / Aquela voz sem idade / Onde se inventa um país / Ensina-nos que a saudade / É o mar pedindo bis

  

El brazo erguido en el mar / La mano tocando el cielo / La voz buscando el lugar / Donde el alma se escondió / Un no sé qué que se niega / A vivir sin perder pie / Llevando la palabra lusa / En las aguas del Subaé / Lo que ella sabe de nosotros, de los vientos y los cielos / Un Dios le dijo que nació de su voz / Pero aquello que sé de ella y que mi alma cree / Y que su voz revela que la vida es bonita / Entre el principio y el fin / Entre la voz y el océano / Cierro los ojos, caigo en mí / Y sólo después cae el paño / Aquella voz sin edad / Donde se inventa un país / Nos enseña que la saudade / Es el mar pidiendo un bis

O mar fala de ti

Eu nasci nalgum lugar / Donde se avista o mar / Tecendo o horizonte / E ouvindo o mar gemer / Nasci como a água a correr / Da fonte / E eu vivi noutro lugar / Onde se escuta o mar / Batendo contra o cais / Mas vivi, não sei porquê / Como um barco à mercê / Dos temporais / Eu sei que o mar mão me escolheu / Eu sei que o mar fala de ti / Mas ele sabe que fui eu / Que te levei ao mar quando te vi / Eu sei que o mar mão me escolheu / Eu sei que o mar fala de ti / Mas ele sabe que fui eu / Quem dele se perdeu / Assim que te perdi / Vou morrer nalgum lugar / De onde possa avistar / A onda que me tente / A morrer livre e sem pressa / Como um rio que regressa / Á nascente / Talvez ali seja o lugar / Onde eu possa afirmar / Que me fiz mais humano / Quando, por perder o pé / Senti que a alma é / Um océano

Yo nací en algún lugar / Desde el que se ve el mar / Tejiendo el horizonte / Y escuchando el mar gemir / Nací como el agua que corre / De la fuente / Y viví en otro lugar / Donde se escucha el mar / Batiendo contra el puerto / Pero viví, no sé por qué / Como un barco a merced / De los temporales / Yo sé que el mal mar me escogió / Yo sé que el mar habla de ti / Pero sabe que fui yo / Quien te llevó al mar cuando te vi / Yo sé que el mal mar me escogió / Yo sé que el mar habla de ti / Pero sabe que fui yo / Quien de él se perdió / En cuanto te perdí / Voy a morir en algún lugar / Desde donde pueda avistar / La ola que me tiente / A morir libre y sin prisa / Como un río que regresa / Al manantial / Tal vez allí esté el lugar / Donde yo pueda afirmar / Que me hice más humano / Cuando, por perder el pie / Sentí que el alma es / Un océano

Povo que lavas no rio

 Povo que lavas no rio / E talhas com o teu machado / As tábuas do meu caixão. / Pode haver quem te defenda / Quem compre o teu chão sagrado / Mas a tua vida não. / Fui ter à mesa redonda / Beber em malga que esconda / O beijo de mão em mão. / Era o vinho que me deste / A água pura, fruto agreste / Mas a tua vida não. / Aromas de urze e de lama / Dormi com eles na cama / Tive a mesma condição. / Povo, povo, eu te pertenço / Deste-me alturas de incenso, / Mas a tua vida não. / Povo que lavas no rio / E talhas com o teu machado / As tábuas do meu caixão. / Pode haver quem te defenda / Quem compre o teu chão sagrado / Mas a tua vida não.

  

Pueblo que lavas en el río / Y tallas con tu cuchillo / Las tablas de mi ataúd / Puede haber quien te defienda / Quien compre tu suelo sagrado / Pero tu vida no / Gocé de mesas redondas / Bebí en tazón que ocultaba / El beso de mano en mano / Era el vino que me diste / Agua pura, fruto agreste / Pero tu vida no / Aromas de brezo y barro / Dormí con ellos en la cama / Tuve su misma naturaleza / Pueblo, pueblo te pertenezco / Me diste alturas de incienso / Pero tu vida no / Pueblo que lavas en el río / Y tallas con tu cuchillo / Las tablas de mi ataúd / Puede haber quien te defienda / Quien compre tu suelo sagrado / Pero tu vida no

Quanto mais amor

Quanto mais amor te quero, mais longe ficas / Que este amor é desespero, não vai em fitas / Nem sempre quem corre alcança / Nem sempre querer é poder / E uma vida inteira, mesmo que eu não queira / Vai-se aos poucos a perder / Quanto mais amor te dou, bem menos tenho / P’ra saudade que ficou do teu tamanho / E no teu lugar acende / Um farol que não tem fim / Luz que me alumia na noite vazia / Quando tu não estás em mim / Quanto mais amor me esqueço mais ele me grita / Que bem mais amor mereço que andar aflita / Á espera dum beijo teu / Que eu rezo por ver chegar / Se ele tardar demias, tristes os meus ais / Que eu ainda me hei-de cansar / Quanto mais amor me queixo bem mais te quero / Nem que seja mais um beijo tudo o que eu espero / Se te hei-de esquecer um dia / Há-de ser por não lembrar / Quanto me queres, meu bem, que não há ninguém / Com tanto amor p’ra me dar

  

Cuanto más te quiero, amor, más lejos te quedas / Que este amor es desesperación, no es caprichoso / Ni siempre quien corre alcanza / Ni siempre querer es poder / Y una vida entera, aunque yo no quiera / Se va perdiendo poco a poco / Cuanto más amor te doy, menos tengo / Para esa saudade que quedó a tu tamaño / Y en tu lugar enciende / Un farol que no tiene fin / Luz que me ilumina en la noche vacía / Cuando tú no estás en mí / Cuanto más amor me olvida más me grita él / Que más merezco el amor que estar afligida / A espera de un beso tuyo / Que rezo por ver llegar / Si el tarda demasiado, tristes mis ayes / Que yo aún me he de cansar / Cuanto más me quejo, amor, más te quiero / Aunque sólo sea un beso todo lo que espero / Si te he de olvidar un día / Será por no recordarte / Cuánto me quieres, mi bien, que no hay nadie / Con tanto amor para darme

De tanto querer - Fado vitima

Tenho pouco tempo para dar como é preciso... dizes tu, vejo eu / Tenho pouca coisa p’ra dizer, que eu sou assim... mentes tu, oiço eu / Tenho que inventar mais um atalho onde te percas até me encontrares / Ai de mim, que esta vida é um baralho / Por abrir e repartir, nem sequer sei o que valho / Sou simples triste fim.... ai de mim, ai de mim / Tenho pouca escolha nesta vida, nem sorte á minha medida... choras tu / Tenho falta até do que nem sei / Mas sinto falta do que nunca dei... o quê não sei / Tenho tanto medo por rasgar tanto enredo / Por matar, antes que morra eu / Tenho tanta pedra por mexer, que já me dói só por saber que tem de ser / Que tem de ser... que tem de ser / Que há-de ser... que eu vou ser / Sei que ainda é cedo p’ra negar um novo dia / Sentes tu, sentes bem / Á mercê da alma há pouca calma, mas há vida p’ra contar / Muito além da dôr, há um lugar / Feito á medida do querer feito p’ra consolar / P’ra dizer que tudo o que há-de vir á medida do sentir que cada um tem / Foi simples triste fim... o que um dia foi em mim / Tenho urgente a vida á minha frente, tenho pressa de ser gente, sabes tu / Num impulso, alcanças nova garra, novo pulso que há em ti rasga o ser / Tenho tanta sede e tanta fome pela dôr que me consome / É tempo de a esquecer / Tenho horizontes por abrir do infinito que há-de vir / Porque eu vou ser... quem sabe, sou / É só eu querer e de tanto querer / Eu sei que sou... eu sempre fui

   

Tengo poco tiempo para dar como es preciso… lo dices tú, lo veo yo / Tengo pocas cosas para decir, que yo soy así… mientes tú, escucho yo / tengo que inventar un atajo más por donde te pierdas hasta encontrarme / Ay de mí, que esta vida es una baraja / A estrenar y repartir, ni sé siquiera qué valgo / Soy un simple triste fin… ay de mí, ay de mí / Tengo poca elección en esta vida, ni suerte a mi medida… lloras tú / Tengo necesidad hasta de lo que no sé / Me siento falta de lo que nunca di… lo que no sé / Tengo tanto miedo de rasgar tanto enredo / Por matar, antes de morir yo / Tengo tanta piedra por mover, que ya sólo me duele saber qué tiene que ser / Qué tiene que ser… qué tiene que ser / Qué ha de ser… que yo voy a ser / Sé que aún es temprano para negar un nuevo día / Sientes tú, sientes bien / A mereced del alma hay poca calma, pero hay vida para contar / Más allá del dolor hay un lugar / Hecho a la medida del querer ser hecho para consolar / Para decir que todo lo que ha de venir a la medida del sentir que cada uno tiene / Fue simple triste fin… lo que un día estuvo en mí / Tengo frente a mí la vida urgente, tengo prisa por ser gente, lo sabes tú / En un impulso alcanzas nueva garra, nuevo pulso que hay en ti rasga el ser / Tengo tanta sed y tanta hambre por el dolor que me consume / Es tiempo de olvidarla / Tengo horizontes por abrir por abrir del infinito que ha de venir / Porque yo voy a ser… quién sabe, soy / Y sólo yo querer, y de tanto querer / Yo sé que soy… yo siempre fui

Flor de verde pinho

Eu podia chamar-te pátria minha / Dar-te o mais lindo nome português / Podia dar-te o nome de rainha / Que este amor é de Pedro por Inês / Mas não há forma, não há verso, não há leito / Para este fogo, amor, para este rio / Como dizer um coração fora do peito? / Meu amor transbordou, e eu sem navio / Gostar de ti é um poema que não digo / Que não há taça, amor, para este vinho / Não há guitarra, nem cantar de amigo / Não há flor, não há flor... de verde pinho / Não há barco nem trigo, não há trevo / Não há palavras para dizer esta canção / Gostar de ti é um poema que não escrevo / Que há um rio sem leito. E eu sem coração / Mas não há forma, não há verso, não há leito / Para este fogo, amor, para este rio / Como dizer um coração fora do peito? / Meu amor transbordou, e eu sem navio / Gostar de ti é um poema que não digo / Que não há taça, amor, para este vinho / Não há guitarra, nem cantar de amigo / Não há flor, não há flor... de verde pinho

Yo podría llamarte patria mía / Darte el más lindo nombre portugués / Podría darte el nombre de reina / Que este amor es el de Pedro por Inés / No hay forma, no hay verso, no hay lecho / Para este fuego, amor, para este río / ¿Cómo llamar a un corazón fuera del pecho? / Mi amor trasbordó, y yo sin navío / Que me gustes es un poema que no digo / Que no hay copa, amor, para este vino / No hay barco, no hay trigo, no hay trébol / No hay palabras para cantar esta canción / Que me gustes es un poema que no escribo / Que hay un río sin lecho. Y yo son corazón / pero no ha y forma, no hay verso, no hay lecho / Para este fuego, amor, para este río / ¿Cómo llamar a un corazón fuera del pecho? / Mi amor trasbordó, y yo sin navío / Que me gustes es un poema que no digo / Que no hay copa, amor, para este vino / No hay guitarra, ni cantar de amigo / No hay flor, no hay flor… de verde pino

Porque eu não sei mentir​​​

No cabo mais a sul da minha vida / Onde ondas de alvorada serpeiteiam / Pressinto em esboço a despedida / Os olhos por quem tanto os meus se enleiam / Tanto anseiam / E como o adeus que nunca se procura / Se ainda não fôr tempo de partir / Vou pedir-te num beijo, só mais um desejo / Algo mais de ternura / Que por onde tu fores, vás a sorrir / Que eu vou tentando / Eu juro o meu sorriso também cumprir / Fazê-lo ser no escuro a luz que ainda há-de vir / Mesmo quando baixinho / O teu corpo adivinho, o teu nome murmuro / Porque eu não sei mentir

  

En el extremo más al sur de mi vida / Donde las ondas de la alborada serpentean / Presiento un esbozo de despedida / Los ojos por quien los míos tanto se enredan / Tanto ansían / Es como el adiós que nunca se busca / Si no es aun el tiempo de partir / Voy a pedirte en un beso, solo un deseo más / Algo más de ternura / Que por donde tú fueras vayas sonriendo / Que lo voy intentando / Yo juro cumplir también mi sonrisa / Hazla ser en la oscuridad la luz que aún ha de venir / Incluso cuando, bajito / Tu cuerpo adivino, tu nombre murmuro / Porque yo no sé mentir

Ir contigo

Escrevo-te este fado em jeito de confissão / Queremos andar para o mesmo lado, mas vamos em contra-mão / Se tu ou eu, que importa a raíz do engano / Voltamos ao princípio, tu e eu / Que é contigo que eu quero ir / Que é contigo que eu sei sorrir / Tudo fica melhor e em paz / Que é isso que ir contigo me faz / Leva-me com jeito, acerta o meu compasso / Que de bater instisfeito tem impulso de cansaço / Só tu e eu, sabemos a côr desta dança / Bater do coração que nunca cansa

  

Escribo este fado a modo de confesión / Queremos andar hacia el mismo lado, pero vamos contramano / Si tú o yo, qué importa la raíz del engaño / Volvemos al principio, tú y yo / Que es contigo con quien quiero ir / Que es contigo con quien sé sonreír / Todo queda mejor y en paz / Que es eso que me hace ir contigo / Llévame con gracia, acierta el mismo compás / Que del latir insatisfecho tiene impulso de cansancio / Sólo tú y yo, sabemos esta danza de memoria / Latir del corazón que nunca se cansa

Tinta verde

Tinta verde dos teus olhos / Escreve torto no meu peito / Amores tenho eu aos molhos / Se p’ro teu me faltar jeito / No meu peito escreve torto / Na minha alma a dar a dar / Nunca mais eu chego ao Porto / Se lá fôr por este andar / Nunca mais eu chego ao Porto / Ao porto de Matosinhos / Adeus verde dos teus olhos / Estão cá outros mais escurinhos

  

Tinta verde de tus ojos / Escribe torcido en mi pecho / Amores tengo a puñados / Si por el tuyo me faltara el deseo / En mi pecho escribe torcido / En mi alma entregando, entregando / Yo nunca más llegaré a Porto / Si fuese allá por este camino / Yo nunca más llegaré a Porto / Al puerto de Matosinho / Adiós verde de tus ojos / Aquí están otros más oscuritos

Agarrada ao chão

Da árvore ao esquecimento / Vai um segundo, uma hora / Uma expiração do vento / Que vem do lado de fora / Entre a paixão e o sono / Vai uma hora, um instante / Como um desejo de Outono / Nos lábios do meu amante / Quem me dera o teu sorriso / Quando finjo que adormeço / Só p’ra esqueceres que preciso / Que precisas do que esqueço / Entre o cansaço e a raíz / Estão as chuvas de Verão / Que me deixam ser feliz / Vivendo agarrada ao chão / Passando a noite ao relento / Fiz da saudade um retiro / Que do mar ao esquecimento / Vai apenas um suspiro

  

Del árbol al olvido / Va un segundo, una hora / Una expiración del viento / Que viene del lado de fuera / Entre la pasión y el sueño / Va una hora, un instante / Como un deseo de otoño / En los labios de mi amante / Ojalá tuviera tu sonrisa / Cuando finjo que adormezco / Sólo para que olvides que necesito / Que necesitas lo que olvido / Entre el cansancio y la raíz / Están las lluvias del verano / Que me dejan ser feliz / Viviendo agarrada al suelo / Pasando la noche al relente / Hice de la saudade un retiro / Que del mar al olvido / Va apenas un suspiro

Quem me desasta

Quem me desata o mistério / Que anda a rondar-me sem trégua / Já se tornou caso sério / Mas não é mais que uma névoa / Entendo a sua presença / Mais do que sinto a inconstãncia / É todo feito de ausência / E é mesmo assim abundãncia / Se alguém me pode entender / Faça-me o favor maior / De me explicar que, sem ver / Eu sei amá-lo de cor / Talvez por isso eu prefira / Deixar o nó por inteiro / Sei que não sendo mentira / Não pode ser verdadeiro / Quantos os nós desta vida / Que ficam por entender / Como este nó sem saída / De amar de cor, sem o ver

  

Quien me desata el misterio / Que me ronda sin tregua / Ya se volvió caso serio / Pero no es más que una niebla / Entiendo su presencia / Más de lo que siento la inconstancia / Y todo hecho de ausencia / E incluso es así abundancia / Si alguien me puede entender / Que me haga un favor mayor / De explicarme que, sin ver / Yo se amarlo de memoria / Tal vez por eso yo prefiera / Dejar el nudo intacto / Sé que no siendo mentira / No puede ser verdadero / Cuántos de los nudos de esta vida / Que quedan por entender / Como este nudo sin salida / De amar de memoria sin ver

Na cor do nosso sorriso

Amor, amor maior, amor secreto / Amor sem cura, amor inquieto / Amor, amor, pior que amor incerto / Só mesmo amor, não estares por perto... amor / Amor, amor maior, quem indiscreto / Se cruzou com o nosso amor / Viu de mais de perto / Amor na côr do nosso sorriso / Amor, amor maior, amor perfeito / Amor que mora no meu peito / Amor, amor sem par / Haja lugar para todo o amor que havemos de trocar / Amor, palavra eterna, nunca finda / Enquanto houver amor será teu guia / Se algum dia me perderes ouvirás cantar / Amor, amor, amor

  

Amor, amor mayor, amor secreto / Amor sin cura, amor inquieto / Amor, amor, peor que el amor incierto / Sólo el mismo amor que no está más próximo… amor / Amor, amor mayor, que indiscreto / Se cruzó con nuestro amor / Vino aún de más cerca / Amor en el color de nuestra sonrisa / Amor, amor mayor, amor perfecto / Amor que vive en mi pecho / Amor, amor sin par / Que haya un lugar para todo el amor que debemos cambiar / Amor, palabra eterna, nunca acabada / Mientras haya amor seré tu guía / Si algún día me perdieras, escucharás cantar / Amor, amor, amor…

Por querer bem

Quem me quiser fazer feliz / Tem de fazer tudo o que diz / E o que diz tem de ser muito feliz / Quem me quiser tirar o nó / Tem de chegar sem dôr nem dó / Por amar, por querer, por aceitar / Quem fôr capaz de olhar p’ra trás / Só p’ra lembrar onde não ir / Procurar falsa paz, falso lugar / Quem der a mão e o coração / E quem fôr chão sem um senão / Pr’amar, só amar, por querer bem, por aceitar / Cantar-se um fado sem hinos de medo / Bordar-se a vida sem tons de degredo / Fazer-se a alma ter dias de festa / É querer melhor á vida que nos resta / Fácil não é / Mas o resto é que não presta

  

Quien me quiera hacer feliz / Tiene que hacer todo lo que dice / Y lo que dice tiene que ser muy feliz / Quien quiera quitarme el nudo / Tiene que llegar sin dolor ni duelo / Por amar, por querer, por aceptar / Quien fuese capaz de mirar hacia atrás / Sólo para acordarse de dónde no ir / Buscar falsa paz, falso lugar / Quien entregue la mano y el corazón / Y quien fuese terreno sin mácula / Para amar, sólo amar, por querer, por aceptar / Cantar un fado sin himnos de miedo / Bordarse la vida sin tonos de destierro / Hacerse que el alma tenga días de fiesta / Y querer mejor a la vida que nos resta / Fácil no es / Pero el resto es lo que no se rinde

Diario (2010)

1. Para Maria
2. Audácia
3. Foi Deus
4. O que tinha de ser
5. Da cor da noite
6. O nó que nos ata
7. Milonga do chiado
8. Por onde me levar o vento
9. La Bohème
10. Da solidão
11. Rasgo de luz
12. Por dentro de mim
13. Fado dos Fados
14. Meu amor de antigamente
15. Improvioso a quatro crescente mayor (instrumental)

Para Maria

Maria, Maria / Procuro por ti / Trago este vazio / E o desejo de dar cor à minha vida / Quero pintar / Esta história que estou a criar / Quero ser mais / Minha grandeza afirmar / Ser poeta, ser cantor, ser o céu / Onde mora tudo o que eu vou ser / Se eu souber ser amor / Maria, Maria / Não sei que aconteceu / Se o mundo ou se fui eu / Enganou-se o amanhã sem piedade / Fecha-se a luz / Sobre as almas da minha idade / Esconde-se o céu / Onde eu quero ser mais verdade / Minha Senhora e minha Mãe / Olha bem por nós / Sem Teu amor / Ficaremos sós / Maria, Maria / Mãe do silêncio / Mãe da humanidade / Em Teu seio o meu senhor se gerou / E Tu o contemplaste / Cheia de amor e ternura / Teu filho desejado / E por ti muito amado / Minha Senhora e minha Mãe / Ensina-me a amar / E arriscar / A saber ser mayor

   

María, María  / Te busco / Traigo este vacío / Y el deseo de dar color a mi vida / Quiero pintar / Esta historia que estoy creando / Quiero ser más / Afirmar mi grandeza / Ser poeta, ser cantor, ser el cielo / Donde vive todo lo que yo voy a ser / Si yo supiera ser amor / María, María / No sé qué sucedió / Si fue el mundo o fui yo / Se engañó el mañana sin piedad / Se cierra la luz / Sobre las almas de mi edad / Se esconde el cielo / Donde yo quiero ser más verdad / Mi Señora y mi Madre / Mira bien por nosotros / Sin Tu amor / Nos quedaremos solos / María, María / Madre del silencio / Madre de la humanidad / En Tu seno mi señor se engendró / Y Tú lo contemplaste / Llena de amor y ternura / Tu hijo deseado / Y por ti muy amado / Mi señora y mi Madre / Enséñame a amar / Y a arriesgar / A saber ser mayor

Audácia

Dá-me um pedacinho mais de coragem / E põe nos meus gestos audácia / Diz que sou capaz de ser e fazer melhor / Que eu não acredito / Que isto seja tudo / E que fique mudo este meu pensar / Tira-me este frágil conforto / Que me traz em paz simulada / Nada é intocável na vida / Que eu prefiro o cruel da verdade / Que andar à toa e doer bem mais / Descobrir a vida tarde demais / Já lá vai o fado escuro / Já lá vai o medo em muro / Já lá vai não querer dizer o que aí vem / Já lá vai não querer saber pra onde vai / Já lá vai o não querer ver / Que é sem segredo / Que damos cabo do medo / Sou um pé de vento contido / Procurando a rosa dos ventos / Que todos trazemos na alma / Eu não sei caminhar sem um norte / Quero o como, por onde o porquê também / Eu não vivo só entregue à minha sorte / Levanto a poeira das estradas / Numa inquietante ansiedade / De quem tem a sede do mundo / E a explosão que acompanha a partida / Faz-me crer que lá vai a tristeza / Faz-me ter certeza que a noite está vencida

  

Dame un pedacito más de coraje / Y pon en mis gestos audacia / Di que soy capaz de ser y obrar mejor / Que yo no creo / Que esto sea todo / Y que quede mudo este pensamiento mío / Quítame este frágil bienestar / Que me trae en paz simulada / Nada es intocable en la vida / Que yo prefiero lo cruel de la verdad / Que seguir a todo gas y dolerme de más / Descubrir la vida demasiado tarde / Por ahí va ya el fado oscuro / Por ahí va ya el miedo en el muro / Por ahí va ya el no querer decir lo que ahí viene / Por ahí va ya el no querer saber para donde va / Por ahí va ya el no querer ver / Que es sin secreto / Que le damos fin al miedo / Soy un pie de viento contenido / Buscando la rosa de los vientos / Que traemos todos en el alma / Yo no sé caminar sin un norte / Quiero el cómo, por dónde, el porqué también / Yo no vivo entregada sólo a mi suerte / Levanto la polvareda de los caminos / En una inquietante ansiedad / De quien tiene la sed del mundo / Y la explosión que acompaña la partida / Hazme creer que ahí va la tristeza / Hazme tener la certeza de que la noche está vencida

Foi Deus

Não sei... não sabe ninguém / Porque canto o fado neste tom magoado de dôr e de pranto / E neste tormento, todo sofrimento / Eu sinto que a alma, cá dentro se acalma nos versos que canto / Foi Deus que deu luz aos olhos / Perfumou as rosas, deu oiro ao sol e prata ao luar / Foi Deus que me pôs no peito / Um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar / E pôs estrelas no céu / E fez o espaço sem fim / Deu o luto às andorinhas / E deu-me esta voz a mim / Se canto, não sei o que canto / Misto de ventura, saudade e ternura e talvez amor / Mas sei que cantando sinto o mesmo quando se tem um desgosto / E o pranto no rosto nos deixa melhor / Foi Deus que deu voz ao vento / Luz ao firmamento, e deu o azul às ondas do mar / Foi Deus que me pôs no peito / Um rosário de penas que vou desfiando e choro a cantar / Fez poeta o rouxinol / Pôs no campo o alecrim / Deu as flores á primavera / E deu-me esta voz, a mim

No sé... No lo sabe nadie / Por qué canto fado en este tono herido de dolor y llanto / Y en este tormento, todo el sufrimiento / Yo siento que el alma, aquí dentro se calma en los versos que canto / Fue Dios quien dio luz a los ojos / Perfume a las rosas, dio oro al sol y plata a la luz de la luna / Fue Dios quien me puso en el pecho / Un rosario de penas que voy desgranando y que lloro al cantar / Y puso estrellas en el cielo / E hizo el espacio sin fin / Dio luto a las golondrinas / Y me dio esta voz a mi / Si canto, no sé lo que canto / Mezcla de ternura, saudade y ternura y tal vez de amor / Pero sé que cantando siento lo mismo que cuando se tiene un disgusto / Y el llanto en el rostro nos deja mejor / Fue Dios quien dio voz al viento / Luz al firmamento, y dio azul a las olas del mar / Fue Dios quien me puso en el pecho / Un rosario de penas que voy desgranando y que lloro al cantar / Hizo poeta al ruiseñor / Puso en el campo el romero / Dio a las flores la primavera / Y me dio esta voz a mí

O que tinha de ser

Porque foste na vida / A última esperança / Encontrar-te me fez criança / Porque já eras meu / Sem eu saber sequer / Porque és o meu homem / E eu tua mulher / Porque tu me chegaste / Sem me dizer que vinhas / E tuas mãos foram minhas com calma / Porque foste em minh'alma / Como um amanhecer / Porque foste o que tinha de ser

  

Porque fuiste en la vida / La última esperanza / Encontrarte me hico niña / Porque ya eras mío / Sin saberlo yo siquiera / Porque eres mi hombre / Y yo tu mujer / Porque tú me llegaste / Sin decirme que venías / Y tus manos fueron mías con calma / Porque fuiste en mi alma / Como un amanecer / Porque fuiste lo que tenía que ser

Da cor da noite

Não sei se ainda recordas esse dia / Chegaste totalmente inesperado / Tu eras a milonga em ventania / E eu trazia um xaile por meu fado / Que negro era o olhar que tu trazias / Da cor da noite imensa por contar / De encantos, desencantos e agonias / Do amor que a vida nunca quis te dar / E forte foi o tango que dancei / O fruto da tristeza que trazia / Que não lamento o tanto que te dei / Por não saber que a vida me mentia / Que grande pode ser a ilusão / Se grande for também a nossa dor / Que nada engana mais o coração / Que querer esquecer um amor, com outro amor

  

No sé si aún recuerdas ese día / Llegaste totalmente inesperado / Tu eras la milonga en vendaval / Y yo traía un chal por fado / Qué negra era la mirada que traías / Del color de la noche inmensa por contar / De encantos, desencantos y agonías / Del amor que la vida nunca te quiso dar / Y con fuerza fui el tango que dancé / El fruto de la tristeza que traía / Que no lamento todo lo que te di / Por no saber que la vida me mentía / Que puede ser grande nuestro dolor / Si fuera grande también nuestro dolor / Que nada engaña más al corazón / Que querer olvidar un amor con otro amor

O no que nos ata

Não é o inferno que eu quero / Nem é a sobra que eu escolho / Não é ontem que eu espero / Eu por amor desespero não é dor que eu acolho / Se eu devo dar-te com côr amor / A vida que eu sempre sonhei / Pedi a prisão onde eu fôr amor / Lado a lado onde bem eu sei / E é nessa entrega insensata / Que vamos acontecendo / Será do nó que nos ata / Ou do amor que vamos fazendo / Só sei que eu olho adiante / Contigo sempre a meu lado / Sonha comigo este instante / Sê no meu barco infante temos o rumo traçado

  

No es el infierno lo que yo quiero / Ni es la sobra lo que yo escojo / No es el ayer lo que yo espero / Yo por amor desespero, no es dolor lo que acojo / Si yo debo darte amor de corazón / La vida que yo siempre soñé / Pedí la prisión donde yo fuese amor / Pegada donde bien lo sé / Y es en esa entrega insensata / Que vamos desarrollando / Será del nudo que nos ata / O del amor que vamos haciendo / Sólo sé que miro hacia delante / Contigo siempre a mi lado / Sueña conmigo este instante / Sé en mi barco infante, tenemos el rumbo marcado

Milonga do Chiado

La vida, ay la vida, / Ay los sueños / Los sueños, ay los sueños / Que murieron / Murieron, porque ya no tienen vida / Quemados como globos de papel / Muy alto como globos que se alejan / Tan cerca como labios que besé / Perdido en el fuego de tu llanto / Que no deja pensar / No me suelta jamás, jamás / Ai como eu entendo / Que a tua saudade / Ainda guarde / As cinzas cruéis / Que recordam / Um tempo feliz / Também eu fiquei / Sem tanto que eu quis / Sem tudo o que amei / E sempre que eu volto aqui / Choro contigo o que foi amar / Yo se que es dificil / Lograr con distancia el olvido / Yo se que el olvido / Jamás llegara para mí / Que el tiempo es dolor / Peor que el alcohol / Peor que el amor / No se detiene jamás / No puedo volver atras, ni amar

 

Ay, cómo entiendo / Que tu saudade / Aún guarde / Las cenizas crueles / Que recuerdan / Un tiempo feliz / También yo me quedé / Sin tanto como quise / Sin todo lo que amé / Y siempre que yo regreso aquí / lloro contigo lo que fue amar

Por onde me levar o vento

Se Deus me desse o condão / De agarrar por minha mão / O melhor que a vida tem / Mil pedaços guardaria / Desta forma fugidia / De existir, de ser alguém / É tanto tempo perdido / É quase sangue vertido / Tempo ido em correria / Que às vezes sigo lá fora / Perguntando onde mora / Ou se demora a utopia / Eu quero abrir a cortina / Que me faz desde menina / Ter por sina o desalento / E assim ganhar a coragem / Para enfim seguir viagem / Por onde me levar o vento / Se Deus me der o condão / De arrancar do coração / Tantos medos, tantas mágoas / Irei de cabeça erguida / Ao sabor da minha vida / Merguhar nas suas águas

   

Si Dios me diese el poder / De agarrar de mi mano / Lo mejor que la vida tiene / Mil pedazos guardaría / De esta forma huiría / De existir, de ser alguien / Y tanto tiempo perdido / es casi sangre vertida / Tiempo ido en correría / Que a veces sigo ahí fuera / Preguntando donde mora / O se demora la utopía / Yo quiero abrir la cortina / Que desde niña me hace / Tener por destino o desaliento / Y así ganar el coraje / para finalmente seguir el viaje / Por donde el viento me lleve / Si Dios me diera el poder / De arrancar del corazón / Tantos miedos, tantas amarguras / Iría con la cabeza erguida / Al sabor de mi vida / Sumergiéndome en sus aguas

Da solidão

Sempre que me encontro a sós / Com a minha solidão / Que lhe canto o mesmo fado / Um que fala de abandono / E anda por aí escondido / Num sorriso bem traçado / São dois dedos de conversa / Num silêncio que é só nosso / E em que o mundo nos perdeu / Não sei onde te encontrei / Solidão de onde me vens / P'ra afogar tudo o que é meu / Não tenho como parar / O lamento que se acende / Numa voz feita de oração / Vou rezando em cada fado / Pela paz que tanto anseio / Ter de volta ao coração

  

Siempre que me encuentro a solas / Con mi soledad / Que le canto el mismo fado / Uno que habla de abandono / Y anda por ahí escondido / En una sonrisa bien trazada / Son dos segundos de conversación / En un silencio que es sólo nuestro / Y en que el mundo nos perdió / No sé donde te encontré / Soledad, de dónde me vienes / para hogar todo lo que es mío / No tengo cómo parar / El lamento que se enciende / En una voz hecha oración / Voy rezando en cada fado / Por la paz que tanto ansío / Traer de vuelta al corazón

Rasgo de luz

Horizonte negro / Arco-íris escuro / Raio de néon / Num rasgo de luz / Como estrelas falsas / De gostos amargos / Preço que se paga da triste ilusão / Lágrimas secas / Medo calado / Suor frio / Palavra morta / Derradeiro leito / De areia molhada / Um simples número / A eternidade / Sonhos imediatos / Corações roubados / Pela casa fora, há tempo demais / Dívida perdida / E escondida nos tempos / Que não se devolve com uma carícia / Caridade tão banal / Sempre sem ter razão / E na força que comanda / A mentira de sempre / Tudo isto tu proclamas / Em nome dos deuses / A renúncia da pobreza / Dos homens, do mundo

  

Horizonte negro / Arco iris oscuro / Rayo de neón / En un trazo de luz / Como estrellas falsas / De gustos amargos / Precio que se paga de la triste ilusión / Lágrimas secas / Miedo callado / Sudor frío / Palabra muerta / Último lecho / De arena mojada / Un simple número / La eternidad / Sueños inmediatos / Corazones robados / Fuera de la casa hace demasiado tiempo / Deuda perdida / Y escondida en los tiempos / Que no se devuelve con una caricia / Caridad tan banal / Siempre sin tener razón / Y en la fuerza que domina / La mentira de siempre / Todo eso que proclamas / En nombre de los dioses / La renuncia de la pobreza / De los hombres, del mundo

 

Por dentro de mim

Pus uma primavera nos teus olhos / Que em verde acordaram a manhã / Foi nos ramos dos teus braços / Que eu vi a flor do mar dentro de mim / No ninho dos teus beijos / Um pássaro de fogo voou, dentro de mim / E no seu bater de asas / Espalhou do fogo as brasas / Testemunhas do lugar de onde eu vim / E querem que te aqueças dentro de mim / Vejo o sol a nascer do teu sorriso / E agarro-me aos teus braços de marfim / Um verão que sem aviso / Faz nascer marés dentro de mim / E eu descubro de repente / Um sol em quarto crescente dentro de mim / Também soubeste ser folha d'Outono / Soubeste adormecer na hora certa / E as folhas mais bonitas / Escolheram cair dentro de mim / E o vento das palavras / Pôs as canções do oceano dentro de mim / Não temas ser Inverno / Porque o beijo mais terno / É aquele que se dá chegado o fim / Quando tu adormeceres dentro de mim

Puse una primavera en tus ojos / Que despertaran en verde la mañana / Fue en las ramas de tus brazos / Que yo vi la flor del mar dentro de mí / En el nido de tus besos / Un pájaro de fuego voló, dentro de mí / Y en su batir de alas / Disipó del fuego las brasas / Testimonios del lugar de donde vine / Y quieren que te calientes en mi interior / Veo un sol que nace de tu sonrisa / Y me agarro a tus brazos de marfil / Un verano que sin aviso / Hace nacer mareas dentro de mí / Y yo descubro de repente / Un sol en cuatro creciente dentro de mí / También supiste ser hoja de otoño / Supiste adormecer en la hora cierta / Y las hojas más bonitas / Escogieron caer dentro de mí / No temas ser invierno / Porque el beso más tierno / Es aquel que se da llegado el fin / Cuando tú te adormezcas dentro de mí

Fado dos fados

Naquele amor derradeiro / Madito e abençoado / Pago a sangue e a dinheiro / Já não é amor, é fado / Quando o ciúme é tão forte / Que ao próprio bem desejado / Só tem ódio ou dá à morte / Já não é ciúme, é fado / Canto da nossa tristeza / Choro da nossa alegria / Praga que é quase uma reza / Loucura que é poesia / Um sentimento que passa / A ser eterno cuidado / Em razão duma desgraça / E assim tem de ser, é fado / Um remorso de quem sente / Que se voltasse ao passado / Ficaria novamente / Já não é remorso, é fado / E esta saudade de agora / Não de algo bem acabado / Mas as saudades de outrora / Já não é saudade, é fado

  

En aquel último amor / Maldito y bendito / Pagado con sangre y dinero / Ya no hay amor, hay fado / Cuando los celos son tan fuertes / Que al propio bien deseado / Sólo se le tiene odio o se da la muerte / Ya no son celos, es fado / Canto de nuestra tristeza / Llanto de nuestra alegría / Maldición que es casi un rezo / Locura que es poesía / Un sentimiento que pasa / A ser eterno cuidado / Por causa de una desgracia / Así tiene que ser, es fado / Un arrepentimiento de quien siente / Que si volviese al pasado / Encontraría nuevamente / Ya no es arrepentimiento, es fado / Y este arrepentimiento de ahora / No de algo bien acabado / Pero las saudades de entonces / Ya nos son saudade, son fado

Meu amor de antigamente

Meu amor de antigamente / A loucura desejada / Que me trazes, tão ardente / Não me queima, traz-me amada! / Meu amor de antigamente / Que me trazes em loucura, tão amada! / E bendigo ter vivido / Para o dia de te ver / Meu amor de antigamente / Que tardaste a acontecer / Pois agora que te abraço / Sem memória nem passado / Meu amor de antigamente / Como é bom ter-te encontrado / Meu amor de antigamente / Eu sonhei-te em cada homem / Que cruzei tão imprudente / Meu amor de antigamente / P'ra matar a minha fome / Eu sonhei-te meu amor, em cada homem / Meu amor das minhas esperas / Suspirado e inventado / Fruto das minhas quimeras / És o céu por quem dou brado / Meu amor de todo o sempre / És o fim, amor, do meu pecado

  

Mi amor de antiguamente / La locura deseada / Que me traes, tan ardiente / No me quema, ¡me trae amada! / Mi amor de antiguamente / Que me traes en locura, ¡tan amada! / Y bendigo haber vivido / Para el día en que te vea / Mi amor de antiguamente / Que tardaste en suceder / Pues ahora que te abrazo / Sin memoria ni pasado / Mi amor de antiguamente / Qué bueno es haberte encontrado / Mi amor de antiguamente / Yo te soñé en cada hombre / Con que me crucé tan imprudente / Mi amor de antiguamente / Para matar mi hambre / Yo te soñé, amor, en cada hombre / Mi amor de mis esperas / Suspirando e inventando / Fruto de mis quimeras / Eres el cielo por quien grito / Mi amor de todo el siempre / Eres el fin, amor, de mi pecado

bottom of page