Raquel Tavares
Raquel Tavares (1 de enero de 1985), señala a la fadista Beatriz da Conceição como una de sus mayores referencias.
Su nombre cobró una notoriedad nacional en el mundo del fado por primera vez en 1997, año en que, con 12 años, venció en la Gran Noche del Fado, iniciativa de la Casa da Imprensa.
Su álbum Raquel Tavares llegaría en 2006, por la editorial Movieplay. En la producción estuvo Jorge Fernando que también tocaba la guitarra. En ese mismo año recibió el Premio Revelación Amália Rodrigues, de la Fundación Amália Rodrigues.
En la primavera de 2008, editado también por Movieplay, salió «Barrio», producido por Diogo Clemente, que tocaba en el disco la viola de fado. este disco incluía además un DVD realizado por Aurélio Vasques y Ana Rocha de Sousa.
La fadista fue una de las voces escogidas en 2007 para participar en el homenaje a Adriano Correia de Oliveira en el CD de Movieplay «Adriano, Aqui e Agora: O Tributo», interpretando «Cantar Para Um Pastor», con arreglos de Diogo Clemente. En ese mismo año participó también en otro homenaje, de João Pedro Moreira, «Não Me Obriguem A Vir Para A Rua Gritar: Tributo A Zeca Afonso» de la compañía SubFilmes.
Raquel Tavares ha actuado en varias casas de fados («Café Luso», «Senhor Vinho», «Arcadas do Faia», «Adega Mesquita», «Adega Machado»); en la actualidad es una presencia habitual en la Casa de Linhares «Bacalhau De Molho», donde también se puede ver de vez en cuando a Celeste Rodrigues, Maria da Nazaré, Ana Moura, Jorge Fernando, Manuel Bastos, Maria do Carmo ou Vânia Duarte.
Discografía
Raquel Tavares – Raquel Tavares (2006)
1 Quando Acordas
2 Olhos Garotos
3 A Tarde Ja Morreu Nesta Varanda
4 Fado Lisboeta
5 Fado Raquel
6 Noite
7 Por Momentos (Inquietou-Se O Meu Olhar No Teu)
8 Maré Alta, Sol Profundo
9 Querer Cantar
10 Um Caso De Amor
11 Trazes Pedaços De Mim
12 Senhor Nao Sei O Meu Nome
Quando Acordas
Dá-me um cravo sem idade / Que ao ver caír no regaço / Solte o aroma de um beijo / Ou a estranha claridade / Que espreita as noites que passo / Perdida em nós de desejo / Como vês, no meu lugar / Há qaulquer coisa de vento / Que se enleia aos meus ouvidos / Há dois versos por cantar / Nas linhas do pensamento / A rendilhar-me os sentidos / É verdade não saber / O porquê da primavera / Na frescura duma flor / Só interessa o florescer / Quando acorda á tua espera / O amor do meu amor
Dame un clavel sin edad / Que al verlo caer en mi regazo / Suelte el aroma de un beso / O la extraña claridad / Que observa las noches que paso / Perdida en nudos de deseo / Como ves, en mi lugar / Hay un poquito de viento / Que se enreda a mis oídos / Hay dos versos por cantar / En las líneas del pensamiento / Que hace encajes en mis sentidos / Es verdad el no saber / E porqué de la primavera / En la frescura de una flor / Sólo interesa el florecer / Cuando se despierta a tu espera / El amor de mi amor
Olhos Garotos
Diz aos teus olhos garotos / Vivos marotos, pretos rasgados / Que não andem pelas esquinas / Feitos traquinas e malcriados / Que não sigam as meninas / Simples ladinas dos olhos meus / De tudo acho capazes / Os maus rapazes dos olhos teus / Teus olhos amendoados / São comparados a dois cachopos / Que quando topam meninas / Pelas esquinas, dizem piropos / É preciso que lhes digas / Que as raparigas, nem todas são / Como as pedras que há nas ruas / Gastas e nuas, sem coração / Diz-lhe tudo sem ralhar / Sem te zangar, tem mil cuidados / Sim, que para entristecê-los / Prefiro vê-los nos seus pecados / Não quero os teus lindos olhos / Correndo abrolhos, livre-nos Deus / Que causassem tais ruínas / Estas meninas dos olhos meus...
Dile a tus ojos traviesos / Vivos juguetones, negros y rasgados / Que no anden por las esquinas / Tan bulliciosos y malcriados / Que no sigan a las niñas / Sencillas e ingenuas de ms ojos / De todo encuentro capaces / A los malos niños de los ojos tuyos / Tus ojos almendrados / Son comparados a dos peligros / Que cuando encuentran niñas / Por las esquinas, les dicen piropos / Es necesario que les digas / Que las muchachas, no todas son / Como las piedras que hay en las calles / Gastadas y desnudas, sin corazón / Diles todo sin regañarlas / Sin enfadarte, ten mil cuidados / Sí, que para entristecerlos / Prefiero verlos con sus pecados / No quiero tus ojos lindos / Al borde de las lágrimas, líbreme Dios / Que causasen tales ruinas / Estas niñas de mis ojos...
A Tarde Já Morreu Nesta Varanda
A tarde já morreu nesta varanda / As sombras que se alongam, vão morrer / Depois da tarde, surge a noite branda / Ao certo, tudo surge sem se ver / Tal como a madrugada me surgia / Surgiste como um beijo arrematado / Por alguém que chegou e que partiu / De mim p'ra mim, e em mim ficou parado / Alguém que certamente me adivinha / No ante dos dizeres que nunca digo / Que trás o mar nos braços á noitinha / E tem-me o corpo inteiro como abrigo / Por ver em cada noite uma viagem / Como água que a saudade me alivia / Eu quero estar contigo nesta margem / E fico na varanda até ser dia
La tarde ya murió en este balcón / Las sombras que se alargan van a morir / Después d ela tarde, surge la noche blanda / Ciertamente todo surge sin ser visto / Tal como la madrugada me surgía / Surgiste como un beso terminado / Por alguien que llegó y que partió / De mí para mí y en mí se quedó parado / Alguien que sin duda me adivina / Antes de los dichos que nunca digo / Que detrás del mar en los brazos por la noche / Me tiene el cuerpo entre como abrigo / Por ver en cada noche un viaje / Como agua que la salud me alivia / Yo quiero estar contigo en esta orilla / Y me quedo en el balcón hasta hacerse día
Fado Lisboeta
Não queiram mal a quem canta / Quando uma garganta se enche e desgarra / Que a mágoa já não é tanta / Se a confessar à guitarra / Quem canta sempre se ausenta / Da hora cinzenta da sua amargura / Não sente a cruz tão pesada / Na longa estrada da desventura / Eu só entendo o fado plangente amargurado / À noite a soluçar baixinho / Que chega ao coração num tom magoado / Tão frio como as neves do caminho / Que chore uma saudade, ou cante ansiedade / De quem tem por amor chorado / Dirão que isto é fatal, é natural / Mas é lisboeta... isto é que é o fado / Oiço guitarras vibrando / E vozes cantando na rua sombria / As luzes vão se apagando / A anunciar que é já dia / Fecho em silêncio a janela / Já se ouvem na viela rumores de ternura / Surge a manhã fresca e calma / Só em minha alma é noite escura
No quieran mal a quien canta / Cuando una garganta se llena y desgarra / Que la amargura ya no es tanta / Si al confesar a la guitarra / Quien canta siempre se ausenta / De la hora cenicienta de su amargura / No siente la cruz tan pesada / En el largo camino de la desventura / Yo sólo entiendo el fado gimiente dolorido / Susurrado de noche bajito / Que llega al corazón en un tono herido / Tan frío como las nieves del camino / Que llore una saudade o cante ansiedad / De quien ha llorado por amor / Dirán que esto es fatal, es natural / Pero es lisboeta... esto es lo que es el fado / Oigo guitarras vibrando / Y voces cantando en la calle sombría / Las luces se van apagando / Anunciando que ya es de día / Cierro en silencio la ventana / Ya se oyen en el callejón rumores de ternura / Surge la mañana fresca y calmada / Sólo en mi alma hay noche oscura
Fado Raquel
Quem me vê debruçada na janela / Não venha debruçar-se sobre mim / Mas passe tristemente junto dela / E tristemente passe junto a mim / Que juntas estão as mãos com que apertei / As rosas e os beijos, pela tarde / Que deu lugar á noite a que me dei / E sem querer me arde, ainda arde / Quem passar devagar, não se demore / Acaso o choro a alma me encontrar / No fundo, não é tanto o quanto chore / É mais a dor calada de chorar / Que a espera que me prende no vazio / Deserta-me da vida, junto dela / E outra vida surge como um rio / Ao ver-me debruçada na janela
Quien me vea apoyada en la ventana / No venga a apoyarse sobre mí / Que pase tristemente junto a ella / Y tristemente pase junto a mí / Que juntas están las manos con que ceñí / las rosas y los besos, por la tarde / Que dio paso a la noche en que me entregué / Y sin querer me quema, aún me quema / Quien pase despacio, no se demore / Acaso el llanto el alma me encuentre / En el fondo, no es tanto cuanto llore / Es más el dolor callado de llorar / Que la espera que me ata al vacío / Me aleja de la vida, junto a ella / Y otra vida surge como un río / Al verme apoyada en la ventana
Noite
Noite... fosse eu um brilho teu / Que brilhando brilhasse, p'ra iluminar teu céu / Noite... sou só um triste olhar / Que se perde nos olhos de quem me quer olhar / Leves vultos sorrateiros / Nas esquinas, nos umbrais / Seguem-me uns olhos matreiros / Agudos como punhais / Troco um olhar pesaroso / Cruzado entre os demais / Com olhos presos a um corpo / Que se aquece entre jornais / Na viela ainda ecoa / Um timbre rouco, magoado / Só á noite é que Lisboa / Enrouquece a voz, num fado / Uma porta que se abre / Outra fecha-se num estrondo / Uma ameaça velada / Num olhar frio e medonho / As montras escurecidas / Por trás das grades cerradas / As vidas prendem-se às vidas / Com grades insuspeitadas / Um pombo levanta e voa / Com meus passos, assustado / Só á noite é que Lisboa / Enrouquece a voz, num fado
Noche... si yo fuese un brillo tuyo / Que brillando brillase para iluminar tu cielo / Noche... Soy sólo una triste mirada / Que se pierde en los ojos de quien me quiere mirar / Ligeros rostros ladinos / En las esquinas, los umbrales / Me siguen unos ojos sagaces / Agudos como puñales / Cambio una mirada pesarosa / Cruzadas entre los demás / Con ojos presos a un cuerpo / que se calienta entre periódicos / En el callejón aún resuena / Un timbre ronco, herido / Es de noche sólo cuando Lisboa / Enronquece la voz en un fado / Una puerta que se abre / Otra se cierra en un estruendo / Una amenaza velada / En una mirada fría y pavorosa / Escaparates oscurecidos / Detrás de las rejas cerradas / Las vidas se enlazan a las vidas / Con rejas insospechadas / Una levanta alza el vuelo / Asustada con mis pasos / Es de noche sólo cuando Lisboa / Enronquece la voz en un fado
Por Momentos (Inquietou-Se O Meu Olhar No Teu)
Por momentos... / Inquetou-se o meu olhar no teu / Perdida nos pensamentos onde me escondo / Por momentos... / Descuidou-se o teu olhar no meu / E à mercê desses tormentos tu me vais pondo / Tu nasceste por mim e por mim esperas / No azul escuro da nossa fria solidão / Como em Roma um cristão lançado às feras / Assim se sente no peito o meu coração / Como a gaivota que rompe a irmandade / Incapaz de voar firme com o seu bando / Assim eu ando p'las ruas da velha cidade / Sem que a cidade velha perceba onde eu ando / Então diz-me meu amor, quem mais se importa / Com este escuro azulado da solidão / És a mão que pode abrir toda a minha porta / Mas no momento esperado, retiras a mão
Por momentos... / Mi mirada se inquietó en la tuya / Perdida en los pensamientos donde me escondo / Se distrajo tu mirada en la mía / Y a merced de esos tormentos me vas dejando / Tú naciste por mí y por mí esperas / En el azul oscuro de nuestra fría soledad / Como un Roma un cristiano lanzado a las fieras / Así se siente en el pecho mi corazón / Como la gaviota que rompe su alianza / Incapaz de volar firme con su bandada / Así camino por las calles de la vieja ciudad / Sin que la ciudad vieja se dé cuenta de por dónde camino / Entonces, dime, mi amor, a quien más le importa / Con este oscuro azulado de la soledad / Eres la mano que puede abrir todas mis puertas / Pero en el momento esperado retiras la mano
Maré Alta, Sol Profundo
Tu és a maré cheia no meu peito / E no meu sonho, a imensa tempestade / Tens a côr do luar quando me deito / E p'la manhã, és quente claridade / Teus lábios sabem sempre a liberdade / E há gaivotas bailando em teu olhar / Ao som da tua voz, nasce a saudade / Que embala a minha voz p'ra te cantar / P'ra te cantar os versos do meu fado / Que mais não é que amar-te cegamente / E assim vamos seguindo lado a lado / O fado, tu e eu, eternamente / Tu és a maré alta, o sol profundo / O grito amargo e doce, a paixão / És tudo o que mais quero neste mundo / Por ti morre de amor, meu coração
Tú eres la marea plena en mi pecho / Y en mi sueño, la inmensa tempestad / Tienes el color de la luna cuando me acuesto / Y por la mañana eres cálida claridad / Tus labios saben siempre a libertad / Y hay gaviotas bailando en tu mirada / Al son de tu voz nace la saudade / Que envuelve mi voz para que te cante / Para que te cante los versos de mi fado / Que no es más que amarte ciegamente / Y vamos continuando así codo con codo / El fado, tú y yo, eternamente / Tú eres la marea alta, el sol profundo / El grito amargo y dulce, la pasión / Eres todo lo que más quiero en este mundo / Por ti muere de amor mi corazón
Querer Cantar
No canto em que sentado escreves p'ra mim / Cartas de amor, cartas sem fim / As palavras entrançadas nas linhas desse papel / Enleiam-me o coração num fio de mel / E adoçam a guitarra dos sentidos / Que embala a minha voz em tons gemidos / Querer cantar / Rodar o tempo, o pensamento e querer cantar / Beber o brilho desses olhos, laços de luar / Amar o vento, a liberdade e os teus lábios por beijar / Querer cantar / Sentir a espuma, rasgo d'água do teu mar / A areia ardente de saudades a chamar por ti / E peço á noite que me acoite / Na vontade de te ter aqui / Se perco o meu olhar numa canoa / Presa no cais desta Lisboa / E roubo ao fim de tarde, a doce nostalgia / Do amor feito na tarde do nosso dia / Gaivotas vão deixar o rio parado / Levando mais um beijo por recado
En la esquina en que sentado escribes para mí / Cartas de amor, cartas sin fin / Las palabras trenzadas en las líneas de ese papel / Se enredan a mi corazón con un hilo de miel / Y endulzan la guitarra de los sentidos / Que envuelve mi voz en tonos suspirados / Querer cantar / Rodar el tiempo, el pensamiento y querer cantar / Beber el brillo de esos ojos, lazos de luz de luna / Amar el viento, la libertad y tus labios por besar / Querer cantar / Sentir la espuma, rasgo del agua de tu mar / La arena ardiente de saudades que te llama / Y pido a la noche que me refugie / En mi deseo de tenerte aquí / Si pierdo mi mirada en una barca / Presa en el muelle de esta Lisboa / Y robo al fin de la tarde la dulce nostalgia / Del amor hecho en la tarde de nuestro día / Van las gaviotas dejando nuestro río detenido / Llevando un beso más como recado
Um Caso De Amor
Quem sabe se acaso / Noutra rua, outro lugar / Estás com a saudade, como eu, a recordar / Lembrando que um dia / Noutro tempo, noutra idade / Trocamos amor num quarto pobre da cidade / Quem sabe se acaso / Noutra rua, outro lugar / A gente se volte a encontrar / Beijo após beijo / Deixaste nos meus lábios a condição de ser mulher / Deixei no teu ombro o jeito do meu rosto / Sorrindo para adormecer / Deixaste em meus olhos / A força que dos teus faz hoje entristecer os meus / Ano após ano / Tentei em outros beijos sentir a mesma emoção / E nesse desejo tão breve, me afundei / No rio desta frustração / Resta-me a saudade, amiga que me dói / Por saber que o amor se foi
Quién sabe si tal vez / En otra calle, en otro lugar / Estás con la saudade, como yo, acordándote / Recordando que un día / En otro tiempo, en otra edad / Intercambiamos amor en un cuarto pobre de la ciudad / Quién sabe si tal vez / En otra calle, en otro lugar / La gente se vuelva a encontrar / Beso tras beso / Dejaste en mis labios la condición de ser mujer / Dejé en tu hombro la huella de mi rostro / Sonriendo al adormecer / Dejaste en mis ojos / La fuerza que de los tuyos hace hoy entristecer los míos / Año tras año / Intenté en otros besos sentir la misma emoción / Y en ese deseo tan breve me hundí / En el río de esta frustración / Me queda la saudade, amiga que me duele / Al saber que el amor se fue
Trazes Pedazos De Mim
Trazes pedaços de mim que levaste um dia, amor / Nos lábios de Agosto / Corpo de mar e cetim que por fantasia, amor / São como gosto / E na vontade trocamos um beijo e a vida acontece / Mas a saudade acende o desejo que o peito padece / É nos recantos dum tempo pequeno / Que o tempo é saudade que se sente / E nas lembranças dum tempo sereno / O tempo, amor, aquece o corpo da gente / Trago na boca o sabor deste querer amar, amor / E vejo-te louco / Sei-te de cor e melhor, sei que ao teu olhar, amor / Um beijo é pouco / E como andores corremos o mundo num só coração / Amores, amores, acordo e no fundo, é tudo ilusão
Traes pedazos de mí que te llevaste un día, amor / En los labios de agosto / Cuerpo de mar y satén que por fantasía, amor / Es como me gusta / Y en la voluntad de cambiar un beso la vida sucede / Pero la saudade enciende el deseo que el pecho padece / Es en los rincones de un tiempo pequeño / Donde se sienten el tiempo y la saudade / Y en los recuerdos de un tiempo sereno / El tiempo, amor, calienta el cuerpo de la gente / Traigo en la boca el sabor de este querer amar, amor / Y te veo loco / Te sé de memoria y mejor, sé que a tu mirada, amor / Un beso es poco / Y como pasos de procesión corremos el mundo en un solo corazón / Amores, amores, me despierto y en el fondo, es todo ilusión
Senhor, Não Sei O Meu Nome
Senhor, não sei o meu nome / Não tenho mão na memória / Que me escapa entre os dedos / Senhor, não sei o meu nome / Perdi toda a minha história / No mar dos sete segredos / Só sei de mim, que esta mágoa / Esfria as noites desesperadas / Por de mim nada saber / Carta molhada p'la água / Onde as palavras molhadas / Não mais se pudessem ler / Senhor, não sei o meu nome / Sou como um dia cinzento / Ou uma noite apagada / Um amor que me consome / Tomou-me a vida por dentro / E depois, não sei mais nada
Señor, no sé mi nombre / No domino la memoria / Que se me escapa entre los dedos / Señor, no sé mi nombre / Perdí toda mi historia / En el mar de los siete secretos / Sólo sé de mí, que esta herida / Enfría las noches desesperadas / Por no saber nada de mí / Carta mojada por el agua / Donde las cartas mojadas / Nunca más se pueden leer / Señor, no sé mi nombre / Soy como un día ceniciento / O una noche apagada / Un amor que me consume / La vida me tomó por dentro / Y después ya no soy nada
Bairro (2008)
1 Lisboa, Meu Amor, Lisboa
2 Outra Boa Noite
3 Rosa Da Madragoa
4 Saída (Fim Do Fim)
5 Madrugadas Serenas
6 Sofrendo Da Alma
7 A Nudez Do Meu Fado
8 Lua De Maio
9 Ouve Lisboa
10 Tia Dolores
11 Que Seja Amor
12 Fala Da Mulher Sozinha
13 Lisboa Garrida
14 Ardinita
Lisboa, Meu Amor, Lisboa
Descanso o fim do dia neste canto / Deixando o meu olhar ás mãos do Tejo / E canta o Tejo em mim, quando te canto / E desce ao meu olhar quando te vejo / Sinto ainda no cais as silhuetas / Do jeito e do bailada das varinas / E o dizer mais fadista dos poetas / Nas sombras das vielas, nas esquinas / Desfez as cores garridas da cidade / O sol que diz adeus do outro lado / E assim como eu, amor da minha idade / A cidade vestiu-se em tons de fado / E a voz duma saudade então ecoa / P’las ruas que o luar anoiteceu / Não sei se me perdi nesta Lisboa / Ou foi Lisboa em mim que se perdeu
Descanso el fin del día en este canto / Dejando mi mirar en manos del Tajo / Y canta el Tajo en mí, cuando te canto / Y baja a mi mirar cuando te veo / Siento aún en el muelle las siluetas / Del gesto y la danza de las pescaderas / Y el decir más fadista de los poetas / En las sombras de las callejuelas, en las esquinas / Deshace los colores llamativos de la ciudad / El sol que dice adiós del otro lado / Y así, como yo, amor de mi edad / La ciudad se vistió en tonos de fado / Y la voz de una saudade entonces resuena / Por las calles que la luz de la luna anocheció / No sé si me perdí en esta Lisboa / O fue Lisboa en mí quien se perdió
Outra Boa Noite
Boa noite à solidão / Disse um dia quem me disse / Que a saudade é uma espera / Dava o tempo e a razão / Pra que a vida me despisse / A saudade que me dera / Porque mais do que a vontade / Mais que a sede dos meus dedos / De hoje em ti me perder / São os braços da saudade / Que se perdem nos meus medos / No meu corpo a anoitecer / Que a cada beijo que a vida / Me faz dar à solidão / Como um amor que não conheço / Deu-me a voz da despedida / Que é muita mais que a razão / E que é voz de que me esqueço / Boa noite, noite fria / Digo às horas de amargura / Que se estendem noite fora / Boa noite: disse um dia / Quem sentiu da noite escura / A tristeza dessa hora
Buenas noches a la soledad / Dijo un día quien me dijo / Que la saudade es una espera / Le daría tiempo y la razón / Para que la vida me desnudase / De la saudade que me diera / Porque más que el deseo / Más que la sed de mis dedos / De perderme hoy en ti / Son los brazos de la saudade / Que se pierden en mis dedos / En mi cuerpo al anochecer / Que a cada beso que la vida / Me hace dar a la soledad / Como un amor que no conozco / Me dio la voz de la despedida / Que es mucha más que la razón / Y que es voz de la que me olvido / Buenas noches, noche fría / Digo a las horas de amargura / Que se extienden fuera de noche / Buenas noches, dije un día / A quien sintió de la noche oscura / La tristeza de esa hora
Rosa Da Madragoa
No Bairro da Madragoa / À janela de Lisboa / Nasceu a Rosa Maria / Filha de gente vareira / Foi criada na ribeira / Entre peixe e maresia / Flor, mulher aquela rosa / Era a moça mais airosa / Que a malta já conheceu / E toda a malta do mar / Suspira ao vê-la passar / De chinela e perna ao léu / Lá vai a Rosa Maria / Que é a alegria desta ribeira / Ouvia e ria à gargalhada qualquer piada por mais brejeira / Vai bugiar meu menino! / Não deites barro à parede / Que esta rosa é peixe fino para as malhas da tua rede / O jovem Chico Fateixa / Já jurou que não a deixa / Pois a paixão é teimosa / E é de tal modo cegueira / Que deu a sua traineira / O nome daquela rosa / E a Rosa da Madragoa / Ao ver escrito na proa / Seu nome Rosa Maria / Ergueu os braços ao Chico / Começou o namorico / E vão casar qualquer dia / Lá vai a Rosa Maria / Que é a alegria desta ribeira / Ouvia e ria à gargalhada qualquer piada por mais brejeira / Vai bugiar meu menino! / Não deites barro à parede / Que esta rosa é peixe fino para as malhas da tua rede
En el barrio de Madragoa / La ventana de Lisboa / Nació Rosa María / Hija de gente de mar / Fue criada en la ribera / Entre peces y mareas / Flor, mujer aquella rosa / Era la moza más airosa / Que la gente conoció / Y toda la gente del mar / Suspira al verla pasar / Con chancla y pierna desnuda / Ahí va la Rosa María / Que es la alegría de esta ribera / Escuchaba y se reía de cualquier gracia aunque fuese pícara / ¡Anda y lárgate, chaval! / Que no vas a tener suerte / Que esta rosa es un pez fino para la malla de tu red / El joven Chico Arpón / Ha jurado que no la deja / Pues la pasión es obstinada / Y es en tal modo ceguera / Que le ha dado a su trainera / El nombre de aquella rosa / Y Rosa de Madragoa / Al ver escrito en la proa / Su nombre Rosa María / Irguió los brazos hacia Chico / Comenzó el romance / Y se van a casar cualquier día / Ahí va la Rosa María / Que es la alegría de esta ribera / Escuchaba y se reía de cualquier gracia aunque fuese pícara / ¡Anda y lárgate, chaval! / Que no vas a tener suerte / Que esta rosa es un pez fino para la malla de tu red
Saída (Fim Do Fim)
Sempre que ao sabor dos dedos / As palavras se desmaiam / Numa folha amarrotada / Deixo as horas e os segredos / Nestes versos que me enleiam / Deixo tudo e quase nada / Trago as noites de Setembro / No meu corpo de mulher / Nesta vida que anoiteço / Já da vida não me lembro / Nem se a esqueço por te ver / Ou por ver que não te esqueço / Sempre que esse madrugar / Dispa os olhos magoados / E a saudade em mim insista / Deixo à voz este penar / Sou um fado doutros fados / Em que a noite é mais fadista
Siempre que al sabor de los dedos / Las palabras se desmayan / En una hoja arrugada / Dejo las horas y los secretos / En estos versos que me enredan / Dejo todo y casi nada / Traigo las noche de septiembre / En mi cuerpo de mujer / En esta vida que anochezco / Ya de la vida no me acuerdo / Ni la olvido por verte / O por ver que no te olvido / Siempre que ese madrugar / Desnude los ojos heridos / Y la saudade en mí insista / Dejo a la voz este pensar / Soy un fado de otros fados / En que la noche es más fadista
Madrugadas Serenas
Os meus olhos que se perdem / Na cor das ondas do mar / São dois sonhos que se encontram / Nos sonhos do meu olhar / Tua boca, rosa agreste / Rosa negra dos caminhos / Que de amor por mim se veste / Quando ficamos sozinhos / Tua voz é Primavera / Que me acorda neste Outono / Ai meu amos, quem me dera / Nunca na vida ter sono / Os meus olhos são apenas / Duas estrelas nos céus / Que em madrugadas serenas / Rezam p´los olhos teus
Mis ojos que se pierden / En el color de las olas del mar / Son dos sueños que se encuentran / En los sueños de mi mirar / Tu boca, rosa agreste / Rosa negra de los caminos / Que de amor por mí se viste / Cuando nos quedamos solos / Tu voz es primavera / Que me despierta en este otoño / Ay, amor mío, ojala / Nunca en la vida tuviera sueño / Mis ojos son apenas / Dos estrellas en el cielo / Que en madrugadas serenas / Rezan por tus ojos
Sofrendo Da Alma
Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / À muito que não sonhava / E esta noite sonhei / Sonhei hoje que te amava / Deus, o que eu hoje sonhei / Longe do meu pensamento / Nem ideia de te amar / Amei-te em sonho um momento / Vê lá o que eu fui sonhar / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Foi sonho que não esperava / Sonho que me deslumbrou / Não sabia que te amava / E hoje não sei quem sou / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi
Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Hace mucho que no soñaba / Y esta noche soñé / Soñé hoy que te amaba / Dios, lo que hoy yo soñé / Lejos de mi pensamiento / Ni la idea de amarte / Te amé en sueños un momento / Mira lo que fui a soñar / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Fue un sueño que no esperaba / Sueño que me deslumbró / No sabía que te amaba / Y hoy no sé quien soy / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele
O Nudez Do Meu Fado
Como asa de andorinha / Ou como um negro manto / Nos meus ombros, discreta / A noite se debruça... / Tão logo se adivinha / A hora de ser canto / E a rima dum poeta / Na minha voz soluça / Por estranho que pareça / Saio dentro de mim / E deixo exposta à lua / A nudez do meu fado... / Para que o céu não esqueça / Que já me viu assim: / Despida, d'alma nua / Sem sombra de pecado / Se a noite me procura / Com estrelas no sorriso / Se dentro em mim cravou / O amor que me conquista... / Deixai-me esta loucura / Que tanto me é preciso / Pois sem noite não sou / Nem fado, nem fadista!
¡Como ala de golondrina! / O como un negro manto / En mis hombros, discreta / La noche se apoya... / Inmediatamente se adivina / La hora de ser canto / Y la rima de un poeta / En mi voz susurra / Por extraño que parezca / Salió de dentro de mí / Y dejó expuesta a la luz / La desnudez de mi fado... / Para que el cielo no olvide / Que ya me vio así: / Desvestida, de alma desnuda / Sin sombra de pecado / Si la noche me busca / Con estrellas en la sonrisa / Si dentro de mí clavó / El amor que me conquista... / Déjame esta locura / Que me es tan necesaria / Pues sin noche no soy / ¡Ni fado, ni fadista!
Lua De Maio
Amor meu, que meu não seja / O destino de perder-te / Outro amor, cego te traz / Que o meu olhar, te não veja / Quando penso merecer-te / E sei que a outra te dás / Lua de Maio / Servida em taça de luz / Como um cigano andaluz / Cantando as mágoas dum fado / Lua de Maio / Entristeceu meu olhar / Breve lembrança, ao lembrar / Um grande amor, acabado / Por amor, só por amor / Faz-nos a vida aceitar / O sal que as lágrimas dão / Mas quando dói, é dor / Que ao ser que somos vem dar / A tristeza ao coração
Amor mío, que mío no sea / El destino de perderte / Otro amor, ciego te trae / Que mi mirada no te vea / Cuando pienso merecerte / Y sé que te das a otra / Luna de mayo / Servida en copa de luz / Como un gitano andaluz / fado / Luna de mayo / Entristeció mi mirada / Breve recuerdo, al recordar / Un gran amor acabado / Por amor, sólo por amor / La vida nos hace aceptar / La sal que las lágrimas dan / Pero cuando duele, es dolor / Que al ser lo que somos viene a dar / La tristeza al corazón
Ouve Lisboa
Cheguei um dia a Lisboa com malas feitas de vento / Que pesavam as palavras que trago no pensamento / Fui de colina em colina ver o céu de que se gosta / E tu ficaste, Lisboa, vestida de mar e encosta / Ouve Lisboa... cais de fome marinheira / Se a minha voz tu consentes, ouve Lisboa / Naquela onda, naquela onda primeira / Canto o fado que tu sentes por seres Lisboa / Ouve Lisboa... raíz dos barcos perdidos / Onde o mar dos meus sentidos voa, se voa / E lá por teres bebido o sal doutras paragens / Em noites de frias rotas / Poderás ver que eu sou o fado em viagem / Sobre o dorso das gaivotas / Todos os dias me prendem esses voos feitos de água / Onde as velas sem caminho navegam por minha mágoa / Mas qualquer resto de vida murmura p´ra qualquer lado / Nesta distãncia perdida que faz distãncia do fado
Llegué un día a Lisboa con malas rachas de viento / Que pesaban las palabras que traigo en el pensamiento / Fui de colina en colina a ver el cielo que gusta / Y tú quedaste, Lisboa, vestida de mar y laderas / Escucha, Lisboa... puerto de hambre marinera / Si consientes mi voz, escucha, Lisboa / En aquella ola, en aquella ola primera / Canto el fado que tú sientes por ser Lisboa / Escucha, Lisboa... raíz de los barcos perdidos / Donde el mar de mis sentidos vuela, se vuela / Y porque has bebido la sal de otras paradas / En noches de frías rutas / Podrás ver que yo soy el fado en viaje / Sobre el dorso de las gaviotas / Todos los días me prenden esos vuelos hechos de agua / Donde las velas sin camino navegan por mi amargura / Pero cualquier resto de vida murmura hacia cualquier lado / En esta distancia perdida que hace distancia del fado
Tia Dolores
Vi hoje a Tia Diolores / Veio falar-me dos filhos / Cheia dum prazer profundo / Porque esses seus dois amores / São os únicos atilhos / Que a trazem segura ao mundo / O João é marinheiro / Um rapagão denodado / Que anda sempre a navegar / É um moço prazenteiro / No seu olhar esverdeado / Andam vestígios do mar / De olhos azuis, o segundo / Mais novo do que o João / É um cabeça no ar / Nunca se prendeu ao mundo / Quis ir para a aviação / E leva a vida a voar / Assim, a Tia Dolores / Conta, não escondendo as mágoas / Que a envolvem como um véu / Os olhos dos seus amores / Um é verde côr do mar / Outro, azul da côr do céu / Ela procede aos amanhos / Duma casinha na serra / Aonde espera morrer / Velhinha de olhos castanhos / Castanhos, da côr da serra / Da terra que a viu nascer / Um, tem olhos côr do mar / Outro, olhar azul divino / No céu, no mar, andam escolhos / Eu então fico a pensar / Se a gente segue o destino / Que diz bem á côr dos olhos
Vi hoy a la tía Dolores / Vino a hablarme de los hijos / Llena de un placer profundo / Porque esos, sus dos amores / Son las únicas amarras / Que la atan segura al mundo / João es marinero / Un chavalote intrépido / Que siempre está navegando / Es un muchacho alegre / En su mirada verdosa / Hay vestigios de mar / De ojos azules, el segundo / Más joven que João / Con la cabeza en las nubes / Nunca se agarró al mundo / Quiso irse a la aviación / Y pasa la vida volando / Así, la tía Dolores / Habla sin esconder sus penas / Que la envuelven como un velo / De los ojos de sus amores / Unos verdes como el mar / Otros, azules como el cielo / Ella procede del campo / De una casita en la sierra / Donde espera morir / Viejita de ojos castaños / Castaños del color de la sierra / De la tierra que la vio nacer / Uno tiene ojos del color del mar / Otro, mirar azul divino / En el cielo, en el mar, hay peligros / Yo entonces empiezo a pensar / Si la gente sigue el destino / Que dice bien el color de sus ojos
Que Seja Amor
Chegaste como sempre ao fim da tarde / E como sempre ouvi pelas vizinhas / Dizer, que o nosso amor ainda arde / Que ainda passas por saudades minhas / Passaste e eu bem sei que no meu peito / Não há sequer pergunta nem resposta / Em mim passa o silêncio do teu jeito / Como é próprio do peito de quem gosta jeito / Chamei amor aos dias tristes que o luar me deu aqui / Que o fim do amor, dizem ser mais que um beijo sem adeus / Que trago em mim a luz dos olhos teus / Pois tanto melhor, que seja amor o que me dói, que seja amor / Colhi algumas rosas no caminho / Talvez me contem hoje os teus cuidados / Na espera eu vou cantando baixinho / Os versos que te prendem nos meus fados / E sento-me com as flores no regaço / Não há melhor remédio do que a vida / P’ra dar de vez um fim ao embraço / P’ra dar lugar ao fim da despedida
Llegaste como siempre al fin de la tarde / Y como siempre oí a las vecinas / Decir que nuestro amor aún arde / Que aún sientes saudades por mí / Sentiste y yo sé bien que en mi pecho / No hay siquiera pregunta ni respuesta / En mí pasa el silencio de tu carácter / Como es propio del pecho de quien gusta de un carácter / Llamé amor a los días triste que la luz de luna me trajo aquí / Que el fin del amor, dicen que es más que un beso sin adiós / Que traigo en mí la luz de tus ojos / Pues tanto mejor que sea amor lo que me duele, que sea amor / Cogí algunas rosas en el camino / Tal vez me cuenten hoy tus preocupaciones / En la espera yo voy cantando bajito / Los veros que te unen a mis fados / Y me siento con las flores en el regazo / No hay mejor remedio que la vida / Para dar de una vez fin a un obstáculo / Para dar lugar al fin de una despedida
Fala Da Mulher Sozinha
Já estou farta de estar só / Acompanhada de nada / Já estou louca de ser rua / Tão corrida tão pisada / Já estou prenhe de amizade / Tão barriga de saudade / Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão / E nela entrelaçar / O olhar de uma canção / Chegar ao cume, ao cimo, ao alto / Mais longe e mais além / Mas a saber que sou alguém / Na cidade sou loucura / Sou begónia sou ciúme / E eu que sonhava ser rua / Caminho atalho lonjura / Não tenho assento na festa / Sou a migalha que resta / Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão / E nela entrelaçar / O olhar de uma canção / Chegar ao cume, ao cimo, ao alto / Mais longe e mais além / Mas a saber que sou alguém
Ya estoy harta de estar sola / Acompañada de nada / Ya estoy loca de ser calle / Tan recorrida y pisada / Ya estoy llena de amistad / Tan repleta de saudade /Ay, un día iré a rasgar la soledad / Y en ella entrelazar / La mirada de una canción / Llegar a la cumbre, a la cima, a lo alto / Más lejos y más allá / Sabiendo que soy alguien / En la ciudad soy locura / Soy begonia, soy celos / Y yo que soñaba ser calle / Camino, atajo, lejanía / No tengo asiento en la fiesta / Soy la migaja que queda / Ay, un día iré a rasgar la soledad / Y en ella entrelazar / La mirada de una canción / Llegar a la cumbre, a la cima, a lo alto / Más lejos y más allá / Sabiendo que soy alguien
Lisboa Garrida
Lisboa, os bairros a teus pés / Dão forma ao que tu és, mulher feita cidade / Lisboa, poema do passado / Nas rimas do meu fado com alma de saudade continua / É sina tua saber ser contente / E vens pra a rua só pra vires co' a gente / Balão aceso pela tradição / Bem preso, junto ao coração / Cidade garrida / És a melhor verdade para cantares a vida / Com bênção de lua / Tens alma e coração de rua / Lisboa, tens sons de sinfonia / E gritos de alegria, promessas de verdade / Lisboa, janela aberta à vida / Numa esp'rança perdida só pra fazer saudade / É sina tua q'rer andar contente / E vens pra rua pra cantares co' a gente / Balão aceso pela tradição / Bem preso, junto ao coração
Lisboa, los barrios a tus pies / Dan forma a lo que tú eres, mujer hecha ciudad / Lisboa, poema del pasado / En las rimas de mi fado con alma de saudade continúa / Es destino que tú sepas estar contenta / Y vengas a la calle sólo para venir con la gente / Globo hinchado por la tradición / Bien atado junto al corazón / Ciudad llamativa / Eres la mejor ciudad para cantar a la vida / Con bendición de luna / Tienes alma y corazón de calle / Lisboa, tienes sonidos de sinfonía / Y gritos de alegría, promesas de verdad / Lisboa, ventana abierta a la vida / En una esperanza perdida sólo para provocar saudades / Es destino que tú sepas estar contenta / Y vengas a la calle sólo para venir con la gente / Globo hinchado por la tradición / Bien atado junto al corazón Es destino que tú sepas estar contenta / Y vengas a la calle sólo para venir con la gente / Globo hinchado por la tradición / Bien atado junto al corazón
O Ardinita
Ó minha mãe minha mãe / Ó minha mãe minha amada / Ó minha mãe minha mãe / Ó minha mãe minha amada / Quem tem uma mãe tem tudo / Quem não tem mãe não tem nada / O Ardinita, o João, levantou-se num toledo / Porque tinha que estar cedo / Á porta da redação / Trincou um naco de pão / Que lhe soube muito bem / Antes de partir porém / Beija a mãe adormecida / Dizendo cá vou á vida / Ó minha mãe minha mãe / A mãe com todo carinho / Deitou-lhe a benção beijou-o / E depois aconselhou-o / Sempre muito juizinho / Toma conta no caminho / Não fumes não jogues nada / Pode ficar descançada / Que pra a sua saúde vim / E tornou-se a despedir / Ó minha mãe minha amada / Cruzou toda Madragoa / Satisfeito assobiar / Uma marcha popular / Do São João em Lisboa / Nisto pensou / É tão boa minha mãe e contudo / Como a engano e a iludo / E de mim muito coitadinha / Amo tanto essa velhilha / Quem tem uma mãe tem tudo / Nesse calão repelente / Da giria da malandragem / Existe o que uma homenagem / Nessa boquita inocente / Marcha pro jornal contente / Sempre de alma levantada / E como calão lhe agrada / Repete como eu a gramo / Tanto lhe quero e tanto a amo / Quem não tem mãe não tem nada / Tanto lhe quero e tanto a amo / Quem não tem mãe não tem nada
Ay, madre mía, madre mía / Ay, madre mía querida / Ay, madre mía, madre mía / Ay, madre mía querida / Quien tiene una madre lo tiene todo / Quien no tiene madre no tiene nada / El periodista, João, se levantó despistado / Porque tenía que estar pronto / En la puerta de la redacción / Cogió un pedazo de pan / Que le supo muy bien / Pero antes de partir / Besa a la madre adormecida / Diciendo voy a ganarme la vida / Ay, madre mía, madre mía / La madre con todo el cariño / Le dio la bendición besándolo / Y después le aconsejó / Sé siempre muy juicioso / Y estate atento al camino / No fumes, no te juegues nada / Puedes quedar tranquila / Que vine por tu salud / Y se volvió a despedir / Ay, madre mía querida / Cruzó toda Madragoa / Silbando satisfecho / Una marcha popular / De san Juan en Lisboa / En esto pensó / Es tan buena mi madre y sin embargo / Coma la miento y engaño / Hay que ver, pobrecita / Amo tanto a esa viejita / Quien tienen una madre tiene todo / En ese lenguaje grosero / La jerga de la calle / Hay un algo de homenaje / En esa boca inocente / Va al periódico contento / Siempre con alma dispuesta / Y como la jerga le gusta / repite: Cómo a "gramo" / Tanto la quiero y la amo / Quien no tienen madre no tiene nada / Tanto la quiero y la amo / Quien no tienen madre no tiene nada